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10.11.16

Viva os Abalos que não Tornam a Vida Linear

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E a gente não para de sentir, nunca paramos, é impossível depois de certo tempo. É automático, é o efeito da droga mais potente e destrutiva que já existiu, morremos mil vezes, reduzidos a nada sempre, e acabamos gostando cada vez mais disso. 
Totalmente abstinentes de melancolia, estar contente parece uma tarefa árdua e quase impossível. Pois, depois de tudo posto, o que sobra é o sentimento de que apesar de inseridos em um contexto, nunca quisemos nada com tudo isso, e acabamos nos tornando autores daquilo que não é, não foi e nunca será nosso.
E no meio dessa confusão sem nome e nem endereço, vez ou outra, o chacoalhão aparece. Seja em forma de decepção, seja uma visão, seja uma palavra dita, seja uma palavra não dita, ou na forma de um mundo todo que passa a se apresentar para nós em tons pasteis. 
A melhor recompensa que temos dessa coisa que aparece para chacoalhar nossa vida, é ela ter aparecido. Principalmente aquele momento que mostra o que não é, desmistifica uma situação, quebra uma verdade, sacode uma estrutura, desfaz uma ilusão nos permitindo pequenos vôos...
Não é por amor, não é por paixão, é por questão. É por necessidade de continuar navegando pra qualquer direção que nos traga um propósito. É algo que ultrapassa a própria razão. 
Restabelecidos pós movimentos, voltamos para terra firme e nos permitimos outra vez, e outra vez, outra vez. Enquanto isso a levianidade e a aparência aliviam o sufoco, é o que alimenta nossa máquina de centrifugar a rotina. 
Estar sempre à espera requer mais paciência do que alma. Alma é apenas marionete do sentido. A brevidade da alma passa a não fazer diferença quando passamos a encarar a realidade que não tínhamos. Pois passando por isso, outros se tornam apenas outros, coisas apenas coisas e situações apenas diversões.
Transformados, atingimos um estado que jamais voltará a ser normal. Acontece sempre, pois as movimentações da vida nunca são lineares.

2.12.15

Porta Aberta é Sentimento

O que você faria se soubesse que a porta está aberta? Será que você entraria devagar pelo corredor e espiaria? Ou ficaria parado, tomado pelo medo, pelas incertezas, atônito? 
Ou então ficaria só olhando em silêncio e cuidando para que ninguém te descobrisse tão perto?
E se a porta estivesse aberta de propósito para você entrar, com um espaço reservado, só seu? E se você pudesse entrar e não precisasse dizer nenhuma palavra? Não precisasse nem acender a luz? 
E se eu te dissesse que bastava entrar, cometer o crime mais perfeito e fazer a coisa mais certa ou errada a fazer?
A porta se abre apenas uma vez, e é preciso entender que as loucuras que se imagina, as vontades, e os impulsos também podem ser vividos.
A porta não escolhe hora, momento ou situação, porque é assim que tem que ser. Se abre para ver seus olhos se despedirem ao amanhecer e não te deixar saber se tudo foi apenas um sonho.
É uma porta para um quarto onde fantasmas leem sobre saudade em meio a uma escuridão de intensões e pesadelos. E você aprende que verdadeiro pesadelo é o sonho do gosto que não se materializa.
Mas a porta está lá, aberta. Não demore muito mais. Atrase relógios, se for preciso. Talvez. Por uma vez. Talvez. Em um dia qualquer.
A porta ficará aberta… até que você entenda que por mais escancarada que ela esteja, vez ou outra, ela se fecha, e o prazer e a realidade que passam por ela se perde para sempre.
Por que às vezes, você pode fazer algo sem destruir nada, nem ninguém. Às vezes, uma vez dentro, basta sair de fininho pela porta dos fundos sem causar alvoroço nem consequências.

29.10.15

Estradas Infinitas e Poeiras Varridas

Tem gente que quer dizer, mas não é bem vinda e é obrigada a guardar tudo para si. Tem gente que é incansável e continua abrindo caminhos infinitos esperando encontrar alguém no fim de um deles, mas só encontra caminhos vazios. Tem gente que encontra infinitas possibilidades de declarar, mas vive na ignorância.
Tem gente que não perde as esperanças, engole e finge. Pisa em cacos dizendo que não dói, colocando curativos por cima de tudo sem nem mesmo tirar os pedaços, sem mesmo saber que não tem cura. Tem gente que esconde, mas isso não funciona mais.
Tem gente cansada de não se deixar ouvir. Tem gente que tem atrás de si um enorme caminho com poeiras varridas.
Tem gente que já escondeu o máximo que pode, só que até as suas falsas aceitações de que está tudo bem, não preenchem mais.
Tem gente que insiste, passando a vida encarando a incerteza e se perguntando se vale mesmo todo esse sufoco.
Tem gente que chora antes de abrir a boca e engasgada assim não convence ninguém de que nem tudo é sentimento, mas que também há razão em querer sentir.
Tem gente que dá todos os sinais e mostra diversas vezes que o breve não basta. Tem gente que quer dizer, mas escuta um “depois a gente fala”. Mas o depois nunca chega e não consegue mais esperar. Tem gente que não tem mais tempo para dizer. 
Tem gente que sente muito por alguém ter sentido tão pouco. E que dessa vez será ela quem não vai estar no final de qualquer destino quando você chegar.
Tem gente sem mais saco para competir com o nada, com as neuras, medos, insanidades ou traumas. Com pressa em sair da paranoia do outro. Terminando dizendo que sente muito, só que dessa vez não sente por si, sente muito por você.

19.8.15

Alguma Coisa sobre Eles

Se fosse simples, tinha só um nome e sobrenome e data de nascimento. Mas não tem. Se não fosse estranho, seria tudo conforme o planejado. Mas é. Se não fosse fascínio, sairia facilmente da cabeça. Mas não sai. Se não fosse intenso, os olhos não procurariam. Mas procuram. 
Para nosso desespero, tudo é notado, tudo é preciso, tudo é mágico, tudo é um único e improvável contato. Nos deixando sem noção de medida, sem noção de certo ou errado, sem saber se vai ou se fica. 
É cíclico, não se supera, não se encontra, não se liberta. São emoções que te jogam de um lado para o outro, te jogam para cima ou para baixo. São poesias em aberto, esperando nomes que não completam lacunas. 
No quadrado da rotina e do aceitável, eles não foram quando quiseram, eles esconderam de si mesmo quando foi necessário. Ele não fez sua parte. Ela não quis sua parte. Eles – não faz mais diferença, é indiferença. 
No carrossel da incerteza ninguém se põe mais a sonhar, apenas brincar, brincar de evitar. 
Pela sombra encontram-se só espaços, abismos, vãos, caos, intenções, desejos, uma porta escancarada. 
Eles não sabem. Quase nada. Alguma coisa sobre eles. O que foi, o que não foi e o que poderia ter sido. Foram embora. Porque nunca haveria lugar suficiente aqui. 
Ganharam asas descartáveis da vida, um leve empurrão e a disposição para querer voar. E na mente somente terceiras pessoas de um plural qualquer. 
Sim, a vida é um plano fracassado de roteiros impossíveis. Uma procura interna de justificativas e álibis, tornando os pequenos encontros de certeza inesquecíveis.

14.5.14

Vida é Fazer Diferença. Vida é Amor

A vida é mais que censura. 
A vida é mais que ficar escutando alguém falando mais alto, alguém falando por último, alguém querendo ser dono da sua verdade. 
A vida é mais que pernas cruzadas, demagogia e hipocrisia. 
A vida é mais que ficar se equilibrando num salto alto, evitando andar descalça. 
A vida é muito mais que conter abraços, gestos largos, gargalhadas altas. 
A vida é mais que se calar, se fechar, viver à sombra, se anular. 
A vida é mais que ficar zelando por uma reputação que nunca nem se quis. 
A vida é mais para se guardar, deixar de voar, abrir mão de suas escolhas, de sua história, de seus planos e, sobretudo, de seus sonhos e sua biografia. 
A vida é mais que viver dizendo “sim, senhor”. 
A vida é mais que deixar que roubem seu palanque, seus direitos, sua liberdade e se apropriem de seu discurso. 
A vida é mais que pertencer a um corpo que não seja seu, uma mente que não seja sua. 
A vida é mais que seguir regras que nunca se quis seguir. 
A vida é mais que gente quadrada, ignorante, burra e medíocre. 
A vida é mais que ficar sentindo tanto medo, deixar de fugir, não sangrar, não escancarar. 
A vida é mais que tolerar que sua voz não seja ouvida, é mais que continuar sendo o coadjuvante da sua própria trajetória. 
A vida é mais que ficar demonizando as coisas e julgando pessoas. A vida mais que um velório dos nossos corpos que ainda respiram. A vida é sobre fazer a diferença. A vida é sobre amor sobre todas as coisas.

1.10.13

Para Histórias Futuras, Rasgue os Textos do Passado

Gente que desafia a condição do tempo em busca de um amor. Gente que acredita que pode repetir o passado, que acalma a busca fazendo a simples regressão do passado para o presente. Gente que afirma que ao reprisar o passado, pode-se esperar um final distinto. Mas, basta a infelicidade bater a porta que o risco de se machucar lembra o que nunca se esqueceu. 
Gente iludida, que ao olhar para trás, ao que aconteceu de bom, comete o erro de supervalorizar ou de achar aquilo tudo imensamente belo. E por lá ficam presos, no mundo fantástico da fantasia. E nesse mundo enfeita o jardim com o pensamento de que se algo deu errado, é porque poderia ter feito diferente, deveria ter exercitado a paciência ou quem sabe ter agido com mais sabedoria. Gente que se depara controlando e mudando o passado, mas que só encontra em si mesmo o seu pior adversário. Porque tem dificuldade a qualquer ato que remonte a desmontagem de uma ilusão arquitetada ou mesmo a renegar a cegueira de um amor totalmente fantasiado. 
Gente que fica e preza as relações sem sentido, mas que ficam lá como se tudo bastasse, com se tudo um dia se ajeitasse, como se tudo pudesse ser pior. Gente que limpa da fantasia o desentendimento, rega a paciência e espera cultivar a estabilidade. Gente que finca os pés no passado e ao sinal de qualquer aviso para limpar o guarda-roupa, se livrar do velho, fazer andar a fila, procurar o novo e trocar, vive na memória do objeto, da maquiagem do passado, da perda da estabilidade, da escravidão da cultura e do próprio destino. 
E assim se dá cor à rotina. Cor de passado, cor de limitação, cor de ausência e da não reconstrução da vida. E nessa dificuldade de ter medo do próximo instante, não saímos de casa, não deixamos as portas abertas e o passado figura como fantasma, espantando o futuro. 
Fazemos do drama o sentido, da propriedade a certeza e, por mais que tentamos escapar da dúvida, deixamos o próximo passo sem imaginação. Tentamos se repetir no passado, nesse apego infundado, um cárcere profundo. Sem lembrar que são nossas histórias que devem continuar, e não os textos.

11.8.13

Talvez um Dia de Descobertas

Talvez um dia as coisas se resolvam, se ajeitem, tudo faça sentido. Talvez um dia você entenda porque se apaixonou por poucos e acabou escolhendo errado. Talvez um dia entenda o propósito de todas aquelas noites sem dormir, chorando, se lamentando, se arrependendo do dito pelo não dito, acompanhando o sonho se tornar pesadelo.
Talvez descubra porque um dia desejou que o tempo não passasse depressa. Talvez um dia entenda o porque das despedidas, principalmente as das que não fez. 
Talvez um dia  entenda o porque de todos aqueles erros e atitudes equivocadas, o papo bobo, as decisões erradas. Talvez entenda o porque dava socos no ar, murros em ponta de faca, e porque insistiu em algumas pessoas, porque confiou nelas, e porque em alguma situações não pensou duas vezes. 
Talvez um dia comece a aceitar as coisas que perdeu, as vidas que jogou fora. Talvez entenda que algumas coisas foram necessárias. Talvez um dia comece finalmente a entender, talvez olhe para fora. Talvez um dia, quem sabe, entenda que encarar a realidade é também uma forma de ser otimista.

23.3.13

Desenhos de Obediência, Medo e Comodismo

Antenas e uma caixa de lápis de cor. Nascer. 
Podemos ter dez cores, podemos ter duas, mas o que importa é o que fazemos com elas. Com as cores que nos deram, enquanto vivemos com as antenas batendo umas nas outras, como que no piloto automático. 
Pensar é proibido. Ser humano não é exigido. Segue. Vai por ali. Obedece aqui. Faça isso. Desce daí! Seguir o bater de antenas é sinônimo de sobrevivência. Cabeças são meros enfeites...
O mundo finge que se importa se pintamos e usamos as cores dentro das linhas, mas apedreja que não se encaixa, quem colore fora delas. Usar a cabeça é colorir fora das linhas. Colorir fora da página. Não podemos ficar oprimidos. 
Bater antenas é comunicar. O suficiente para manter a ordem estabelecida de forma eficiente e delicada. "Crédito ou débito?". "Sacola de plástico?". “Você não acha que deveria fazer mais?". "Quer ketchup e mostarda?". “Eu te amo para sempre...” 
A extinção de movimentos humanos realmente verdadeiros. E como queríamos vê-los com mais frequência... E ninguém te vê! Onde você deixou sua existência? 
Um reino em preto e branco e de cabeças ocas. Sem o espírito verdadeiro do artista genuíno, do santo, do filósofo, do novo, do belo, do útil, do fazer por amor, do relevante. Por que razão a evolução das vidas nem sempre é sinal de progresso, mas sim uma adição interminável de futilidade, conexões questionáveis, rastro de lamento e caminho de esperança? Por que tão poucas cores? Porque não se desenvolvem valores mais importantes?
Que barreiras são essas que impedem as pessoas de se aproximarem do seu verdadeiro potencial? Desenhos de obediência, medo e comodismo. 
Antenas e lápis na maré. No mar que não recusa nenhum rio. Desembocando em lugar nenhum até desaparecer por completo. Um estado conformista de partida constante, chegando sempre. Poupando apresentações e despedidas de vidas vazias. 
O mundo é muita ação e nada de teoria. Nós somos todos teoria e nada de ação.

18.8.12

A Maior Mentira é a Calma Aparente

Por mais que esteja escrito na testa, muitas vezes é sozinho. Por mais que chame atenção, é só com você. Por mais que queira correr, é enfrentando. Arraste a fumaça da ansiedade pelos cômodos, pinte as paredes de preocupações. Por mais que fale, é só sua vida. 
Caminhe pelo longo corredor ecoando perguntas que ninguém responde. Arraste os móveis do medo e das incertezas. Tenha diálogos imaginários. Suponha finais felizes. 
Por mais que escute, não é sobre você. Por mais que seja interessante, não interessa. 
Explique motivos, exponha razões e arranque a verdade. Por mais que acredite, não acontece. Por mais que espere, não tem ajuda. 
Porque não é falar para pegar emprestado, é dar de presente. Porque não é ligar para saber o que aconteceu, mas estar junto, chorar junto, lamentar junto. Por que não é perguntar, mas se preocupar.
Não é ouvir por ouvir, é ouvir para agir. Não é apenas saber da notícia, lamentar e trocar de canal, de assunto. Delírio. Espere por possibilidades. Apenas poucas e suficientes possibilidades... 
Porque às vezes a vida nos permite escutar um passo, ao meio do silêncio, ao meio daquilo que não esperamos. Às vezes alguém murmura, te ajuda, se preocupa. Um só basta para abrir a janela da confiança. E essa pessoa, não liga, age! Não pergunta, faz! Não diz, estende a mão. Não diz qualquer coisa me liga, qualquer coisa me avisa... 
Por mais que a casa das decepções estejam cheias, às vezes uma parede é derrubada. O medo de olhar pela janela, olhos fixo em uma tv. 
A vida é mesmo um ensaio de porquês. Fragmentos incompreensíveis, um tapete de indiretas espalhado pelo corredor da certeza. A maior mentira é a da calma aparente... 
Mas são as dificuldades que dão a polida no caráter. É a notícia ruim que abre o mapa da verdade. Por mais que não acreditemos, algumas pessoas podem ser anjos.

29.7.12

Realidade muda Tudo. Resgata e Desembrulha.

Sofremos de uma orfandade que parece incurável, justamente porque desconhecemos suas causas. 
Estamos dentro de um poço escuro, envoltos de problemas até o pescoço, a espera do resgate. Mas não acreditamos no poço, não nos vemos nele, apenas lamentamos pelo outro. 
O resgate tem nome, chama-se realidade. E uma hora ou outra ela nos chama, nos mostra a verdade. E nesse momento o desânimo bate e sentimos nossa total incapacidade e descobrimos que somos todos iguais na mesma escuridão, mesma situação.
Descobrimos na carne que não somos imunes a nada, e aumenta o receio de que nos falte alguém que possa segurar nossa mão no momento de desespero e decepção. 
Afinal, a vida é um amontoado de momentos que passam desapercebidos, embrulhados na embalagem do otimismo com laço de esperança, comprados ao preço de sofrimentos, arrependimentos e decepções. 
No poço, falamos da vida, do tempo, batemos fotos de sorrisos, desenhamos o otimismo, planejamos. A esperança fixa na lua. Mas a realidade muda tudo. Resgata e desembrulha. 
Não somos mais crianças. Os problemas e as amarguras da vida crescem com a idade. Mas certas coisas insistem em não crescer, certas coisas permanecem e nos jogam no poço. E lá ficamos, sem saber o que vai acontecer conosco, sem saber que somos mortais e que não vivemos mais contos de fada. 
A vida acaba, a vida muda, a vida tem seu preço, a vida não depende só da gente, a vida é uma solidão com ares de falsa segurança.
Crescer é pintar um alvo no peito e esperar que mais cedo ou mais tarde alguém lhe envie uma seta. 
Um garoto que não se levanta sozinho, torna-se um homem que não se levanta pra nada. 
Às vezes é preciso diminuir a barulheira, parar de fazer perguntas, parar de imaginar respostas, parar de olhar para os lados e olhar para si. Aquietar um pouco a vida para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe. E ele conta. Com a calma e a clareza que tem, o que devemos fazer quanto ao nosso futuro.

22.6.12

Jaula Coletiva Inconsciente

Cuidado com a jaula coletiva inconsciente. Uma jaula de vários quartos.
Para cada quarto é necessário algum tipo de obediência, um enquadramento. Tem regras enrustidas básicas de convivência que visam o controle. O seu controle.
A jaula tem um padrão de vida a ser perseguido, e mesmo sendo uma prisão, tem muita vaidade no ar.   
Cuidado com a falsa sensação de liberdade por lhe deixarem escolher o quarto. Lembre-se que a liberdade de verdade está do lado de fora da jaula. Mas isso ninguém aceita.
Dia após dia as pessoas continuam brigando para permanecer e manter a ordem dentro dela, abraçando a tradição, acariciando a ordem, sem consciência, não querendo enxergar, em prol de uma mentira coletiva...
Quartos diferentes, a mesma obediência, o mesmo padrão de comportamento. O deboche e o choro. A inveja e o esquecimento. A eterna busca pela vantagem. Todos no escuro. 
E aí a morte chega, mas a morte em si não é o problema, e sim a vida que aconteceu antes disso. Vida presa.
E o que vai ficar são as inúmeras fotos pregadas nas grades, fotos de momentos felizes, com as faces voltadas para quem está do lado de fora. Mas ninguém prestará atenção.

10.6.12

Sofrer é Alimentar a Dor. Não se Julga, Não se Entende.

Sofremos por nós mesmos. Sofremos sem conclusão. Sofremos por antecipação. Sofremos por negação. Sofremos pelas nossas emoções precárias e por nos deixarmos atingir por outros, cheios dos mesmos problemas.
Sofremos por irrealidades, por suposições, por falsos sentimentos, por falsos amores, por falsas paixões.
Os problemas que criamos são chamas que nos consomem e a imaginação é responsável por lançar o combustível.
Fazemos dos problemas o retalho que falta ao sofrimento, e lamentamos sobretudo a indiferença da maioria. Uma maioria que acusa, conclui errado e que está cheia de preconceitos e certezas vagas.
Quem há de nos visitar nesse mundo distante em que nos escondemos? Quem há de ter piedade do nosso sofrimento solitário e ignorante? Quem terá a coragem de nos aceitar quando a regra é acusar, esquecer e seguir em frente na fila?
Ninguém aparace e quem aparece fala com você olhando pros lados, concordando sem escutar...
E assim a decepção nos trai mesmo antes que a pudéssemos trair.
Achamos que podemos viver sempre com toda a intensidade de um pensamento que só quer nos sufocar. Fazemos com os sentimentos presentes uma espécie de compromisso agradável, seguro, uma emoção inferior ao amor e superior à tolerância.
Não, não são sofrimentos vagos, são dores complexas, que precisam de espaço e tempo largos e longos para se fazerem acontecer e estabelecer.
Não são acordos que aparecem aos olhos dos outros, mas antes, são silenciosos, invisíveis e permanentes.
Uma dor de verdade é melhor de sentir do que uma dor imaginada, pois a imaginada te persegue por que não existe e talvez nunca existirá. A dor inventada é mais difícil de entender do que apenas uma dor real. É esse o fascínio pelo que foge da compreensão, pelo que não cabe em linhas de tempo, pelo que não se pode mensurar, pelo que não se pode rotular que faz com que a alimentemos dia a dia.
E na dor muitas vezes nos perdemos, porque foram causadas por escolhas que fizemos, porque são acontecimentos que devastam.
O que poderia ser nosso refúgio então? Para qual farol poderíamos nos voltar, para nos guiar da escuridão para a luz?
E se for a minoria que se importa? E se forem essas raras vidas que atravessam as nossas, que com maior ou menor importância estão sempre ali? A luz de algumas delas nunca se apaga. E a pergunta agora é: Você se importa com elas?
"E quem não fica depois de nos ver do avesso, não merece nenhum dos nossos outros lados." Histórias de sofrimento são longas e tem dores complexas. Não podem ser julgadas e entendidas. Não são romances. São novelas.

13.4.12

Mantenha as Luzes Acesas. O Tempo Ruim Passa.

Temos um plano, não temos promessas.
Basta um dia na tempestade para não nos importamos mais com a chuva. Já estamos molhados.
O guarda-chuva que gostaríamos de dividir com o outro finalmente terá  utilidade. Vamos dar carona e passar o braço pela cintura da saudade. Desviando das poças das decepções e nos protegendo dos pingos da insanidade.
Não temos mais promessas, e eram justamente as promessas que nos deixavam felizes. Hoje temos só um plano.
E o plano é ter que usar o guarda-chuva. Mas não sabemos mais caminhar com ele. Não mais. Desaprendemos. Ou realmente nos damos conta de que nunca soubemos.
E a expectativa é irritante, exigente, nos acompanha, pois a inventamos no outro e em situações que não acontecem nunca. O futuro era só uma parede branca cor de gelo. Nenhuma palavra.
Mas e o caminho já percorrido? O que fazer com o aquilo que foi traçado? Do que adianta a proteção quando já se molhou o suficiente para ficar doente?
Sempre pode piorar, sempre a doença evolui, sempre se pode morrer mais um pouco.
Separe toalhas, feche as janelas. Cuide-se. Uma saudade morre, para outra preencher.
Mantenha as luzes acesas. O tempo ruim sempre passa. O próximo dia vai valer a pena.
Jogue fora sua coleção de tempos de enganos e desenganos. Não faça mais promessas.
Deixe apenas que os seus fantasmas façam companhia para o seu passado.

1.4.12

Agradeça pelo Tempo

Necessidades artificiais no mundo eterno das vaidades.
Onde a ostentação vale mais que o caráter. Onde a ordem é falar bastante e não dizer nada.
Estrelas demais para plateias de menos. Holofotes de frivolidades, futilidades e egoísmo.
Um mundo de ingratidão onde não existe o silêncio e o barulho atrapalha. Um lugar onde todos esquecem de agradecer.
Agradecer todo dia pela manhã quando se levanta e sente os pés firmes no chão.
Pela música, que mesmo quando não toca sussurra o refrão da lembrança e do sentimento no ouvido. Agradeça pelo arrepio. Pelo hoje que te faz respirar, enxergar, sentir o coração bater, viver...
Por não existir ninguém igual a você no mundo, pelo seu dom de pensar.
Pelo amor e pela paixão que transforma e completa. Agradeça… A vida te presenteia quando você se entrega e acredita no amor.
Agradeça quando perdido em meio a uma multidão alguém te encontra para cuidar de você.
Pela vida, pois é o único presente que dizemos que não pedimos mas que nunca queremos perder. Pelo alimento, pelo sono, pelo dom, por suas habilidades. Pelos sentimentos, pela amizade e pelo companheirismo. Por seus pais.
Pelos dias, pois passam depressa e quando você menos espera eles já não existem mais.
Pelas conversas, pois são definitivas, milagres que fazemos com deslocamento de ar e que tem o poder de mudar vidas.
Agradeça pelos sorrisos que recebe e por quem te faz sorrir. Pela vontade de amar pois existirá um momento em que sozinho não dá mais para ficar.
Agradeça pelos sonhos e pela esperança que te movem. Pela habilidade de dançar.
Agradeça quando tudo dá certo e quando dá errado. São lados da mesma moeda chamada experiência de vida.
Aprenda. Agradeça pois sempre pode ser pior, mas vem na medida certa.
Agradeça pela fé, pela cor, pelo sabor, pelo sol, por tudo que está no céu, terra e mar.
Agradeça pelo tempo que passa e que te leva a envelhecer.
Pela rotina de estar no milagre da vida, pela dádiva imerecida de viver e ver tudo isso acontecer. Agradeça. Humilhe-se pela insignificância que somos dentro de tudo que existe no universo.
Não desperdice seu tempo, pois a vida é feito de tempo.

25.2.12

Somos Todos o que Ninguém Vê

Um dia é o sorriso largo. No outro é choro escondido.
Um dia é o arrepio. No outro é o arrependimento.
Um dia é a nudez. No outro é a vergonha do desejo.
Um dia é a química. No outro é a física.
Um dia é a sensação de queda livre. No outro é estar machucado no chão.
Um dia é a alegria de estar lá. No outro é a vontade de morrer.
Um dia é a ansiedade de uma semana antes. No outro é o alívio do segundo depois.
Um dia é cada milímetro do corpo. No outro cada cada metro de distância.
Um dia é a presença em festas. No outro a solidão da bebiba.
Um dia é tirar muitas fotos. No outro é ter medo de fantasmas.
Um dia é a loucura desenfreada. No outro a sanidade planejada.
Um dia é a música alta. No outro o silêncio.
Somos todos o que ninguém vê. A essência, o excesso e a falta.

21.1.12

Escorregador Infinito da Dúvida

Olhar para arrancar pedaços. Aceitar esse momento mágico e indescritível. Ser por um momento insubstituível na vida de alguém. Tapar os ouvidos para a proibição do impossível sem critério e fazer a melodia do improvável incomum.
Mas não era talvez na semana que vem, era para ontem. E ontem já foi tarde demais. Não era para depois, pois depois não daria mais tempo. E hoje já não faz mais sentido...
Hoje é o dito pelo não dito. Velório do desejo no caixão da escolha errada.
Dia após dia vestido de preto e de olhos e corações fechados. Porque dói se mostrar e não ser notado. Porque dá medo ter sido e não ser... Escorregar no infinito da dúvida.
Desligue a ligação consigo mesmo na própria cara. Chega de conversa. A linha está ocupada pelo súbito desinteresse... Filho da decepção com o esquecimento.
A coisa certa na hora errada sempre vai ser a coisa errada.

28.10.11

Tudo sem Medida. Medida é Racional

Decepção é esperança a menos.
Mas até que isso ocorra você se diverte e se ocupa com a novidade.
Começa sentindo coisas que antes só lia em poesia e canções apaixonadas. Fala do primeiro encontro, telefona para dizer das emoções que sente, fala de amor pela rua, adquire o hábito de cantar ao cozinhar, percebe que começou a assobiar no chuveiro, desenha, rabisca e escreve.
Sempre quis um dia habitar fatos, mas não percebe que está armando acampamento em sonhos. Completamente entregue à novidade do desconhecido, anda sem rumo e pensa sempre na mesma porta. Torce para que o dia passe rápido, por que o que interessa sempre chega mais tarde, depois das dez. E você não se importa em perguntar por que do atraso.
Sente coisas demais e se ocupa com coisas de menos. O de menos não tem mais tanta importância. Insanidade. Sente que algo toma conta e consome seus pensamentos. Paralisada e impossibilitada de fazer mais nada. Domínio invisível!
Passa a chorar mesmo ouvindo música brega. Encontra alegria até ao andar de ônibus e vive com todas as atenções voltadas ao celular. Reclama o tempo todo da saudade.
Veste a fantasia do seu lado melhor e coloca o óculos da imaginação de um outro idealizado.
Faz voz carinhosa, daquela que diz que quer mas não pode. Mas podia. Adora o jogo duro e a emoção de dominar e estar dominada. Feliz. Tropeçando em risadas e tosses de nervosismo.
Corre risco de vida, pois não se toca que está atravessando a rua sem olhar para os dois lados.
Tudo sem medida. Medida é racional.
Amassa folhas de papel demais, escreve muitos e-mails, mas também desiste de mandar muitos deles. Acha tudo isso muito especial. Acha que isso só acontece com você. E que com você vai ser diferente. Parece até novela de tão lindo.
Aí, como num passo de mágica sua felicidade já estará nos braços de outro, torcendo para que o cheiro do outro fique nela. E assim começa a errar sem saber...
Insanidade sem informação. Insanidade sem razão. Insanidade que não tem perdão.
Você entrega a sua vida inteira a alguém que só queria você como um capítulo da dela.
Quem procura, aceita e leva a insanidade para casa, não pode depois reclamar da anarquia que ela vai fazer na sua vida. E não se engane, insanidades se atraem.

21.10.11

Ter cada vez Menos para Ter cada vez Mais

Comece já a sua faxina. Jogue fora tudo o que não serve mais (sentimentos, momentos, pessoas, lugares, decepções, ilusões e arrependimentos).
Coloque dentro de um saco de lixo preto e jogue fora. Reduza o custo de armazenamento emocional. Potencialize seus esforços, carinho e atenção para o que realmente recompensa.
Não pense que é trabalho fácil e rápido. Mas saiba que é necessário que aconteça. Desapegue-se.
Durante as mudanças, mantenha esse saco de lixo fechado. Logo você perceberá que não sentirá falta de nada lá dentro. Coragem.
Largue em algum canto aquilo que te fez mal para outro. Sinta a leveza de um coração limpo e desinfetado. A limpeza será pesada, porque é muita coisa que não serve mais para nada, não é?
Evite contatos desnecessários, descarte piadinhas e conversas sem sentido. Deixe os olhares disponíveis o suficiente para cada ocasião. Nada além disso! Nada de excessos e o que não lhe causar satisfação já por algum tempo, mande embora como o conteúdo do saco de lixo. Maximize-se.
Você ganhará novas emoções, nunca se esqueça disso. Quando isso acontecer doe o velho, mofado, repetitivo e antiquado. Doe o usado que hoje te causa repulsa, alguém sempre vai querer restos!
Em tese algumas pessoas e emoções nem existem mais para você. Ou seja, não precisam ocupar espaço. Recicle os conectores, pois algumas coisas do passado ainda poderão ser usadas.
Comece a se desfazer o quanto antes e veja o emaranhando de sensações que irão para o lixo. Deixe-se levar pela onda da eliminação. É grátis. Não é místico e nem supersticioso.
Em se tratando de emoção, temos de ser egoístas e individualistas. Quanto menos você tiver, menos dor terá.
Pense em tudo que você sente e acomoda e comece a medir a tristeza comparada com os benefícios. Quando os transtornos são maiores que os benefícios é chegada a hora de abrir mão. Deixe o coração disponível para o que importa.
Chega do loop idiota e irracional do sofrimento. Chega de perder seu tempo. Pare de se divertir com suas lágrimas. É hora de fazer as suas próprias medidas do que é mais benéfico que problemático. Revolte-se! Conclame uma revolução das suas emoções. Mais suave mentalmente a cada dia, sem o peso do que te atrapalha e distorce suas vontades. Seja feliz, tenha cada vez menos para ter cada vez mais.

21.8.10

Corre a Areia na Ampulheta da Vida


Tudo passa. Absolutamente tudo!
Nesse exato momento, eu, você, o universo, esse texto e tudo o resto está passando.
Passa numa velocidade assustadora, sem perdão, sem dó e nem piedade.
Nove meses passam, o colo passa, o dente de leite, a pré-escola, o apontador de lápis, a pipa bidê, a caloi cross arco-íris, a cadeira de corda, o cabelo loiro, o ki-chute. O Primeiro beijo passa, assim como paixões platônicas, férias na praia, o fliperama de Camboriú, as pescarias, as chuvas torrenciais, a lapeana passou...
Os torneios de futebol, as idas e vindas das praias, os vermelhões, os beijos escondidos, os beijos não dados. A universidade passa, provas, trabalhos, formatura, músicas marcantes. Elevadores, estacionamentos, churrascos, campeonatos, jantares e almoços. Carros, casas, objetos, pessoas, festas, discussões, brigas, rádios, plantas, roupas, calendário, softwares, bandas, cachorros, jóias, moda. Passam também o vento, o rio, as estações, os bits, os bytes, as vontades, os desejos, as dúvidas, as opiniões, a certeza. Passa o trabalho, as empresas, os produtos, o resultado, o conhecido e o desconhecido.
A única verdade absoluta é que todos passamos, todos temos prazo de validade e que ninguém tem como escapar da maldição que é definhar e sumir. Nascemos para morrer. Existir é pré-requisito para acabar. E a forma como consideramos a nossa existência é sem dúvida o que determina como chegaremos ao fim.
Ontem rolou um verdadeiro "efeito borboleta" quando pela primeira vez vi um vídeo de um casamento de 1993. Ou seja, eu apareço nas filmagens com apenas 13 anos e foi inevitável que todas aquelas imagens antigas do passado, pessoas, situações, roupas, garrafas de refrigerante e cerveja, me fizessem pensar um pouquinho em como o curso da nossa finita vida é totalmente dependente das escolhas que fazemos.
Uma decisão bastou para que as consequências aparecessem para muitos: mortes prematuras, traições, decepções, vícios, famílias desfeitas, separações, amores por conveniência e por falta de opção, olhares tristes, doenças incuráveis, amigos perdidos, e isso consegui identificar apenas olhando o passado e o presente das pessoas.
E quanto a mim, você pergunta? Bem, no meu caso eu vi que a minha vida poderia ter tomado ao menos uns 5 caminhos diferentes. Basta falar isso...
Outra coisa facilmente perceptível que vi é como é fácil nos enganar e principalmente não perceber que o nosso presente é tão especial que nem nos damos conta. Mas passa, depressa demais!
Uma festa, pessoas com cabelo curtinho, adolescentes se divertindo, guaraná Bhrama, muitos planos, muitos sonhos, muitas esperanças, muitas vidas indecisas. Caminhos tortos, mal pensados, ligados à emoção e ao sentimento. Possibilidades infinitas, mas escolhas erradas. Amigos e conhecidos vivendo por viver, sem papéis definidos na vida. Escolhendo na tentiva de ser uma boa mãe, filha, filho, irmão, mulher, homem, profissional, cidadão...
E enquanto o tempo passa, milhões de alto-falantes e de olhos em volta de você dizendo a todo o momento como deveriam se comportar, que atitudes tomar, qual o corpo deve ter, com quem deveria casar, que deveria casar, como dançar e como viver…
Mas ninguém ali, ou quase ninguém, em 1993, não fez as perguntas mais importantes: Quem você quer ser? O que você gosta? Nas nossas vidas, qual é o verdadeiro peso das coisas que realmente queremos?
Pode lhe parecer estranho mas chego à conclusão que a imagem que os outros têm de nós, influi demais nas escolhas que fazemos nas nossas vidas. E muitas vezes influenciam para o mal...
Não adianta dizer que sempre fez o que quer, que não se importa com a opinião alheia. Isso não acontece, quer um exemplo idiota: e o dia que você conheceu alguém especial e pensou: – Será que ela/e gostou de mim? Estas cobranças e o que fazemos com elas, influem na formação de quem somos.
Foi fantástico o turbilhão de sentimentos e emoções, rever amigos antigos que hoje estão perdidos no mundo, pensar em como as pessoas mudaram, em como poderiam ter agido diferente, escolhido diferente.
Foi maravilhoso ver que felizmente tive certa instrução que me faz hoje querer ser o melhor que eu puder ser, e não o melhor de todos.
Foi surpreendente que a vida pode lhe trazer outras opções e surpresas agradáveis e totalmente inesperadas no futuro que até então eram motivo de ansiedade e de incertezas. A vida pode sim trazer outros caminhos e escolhas e você não precisa se desesperar em tomar decisões agora.
Foi um tapa na minha cara, me fez pensar em como eu quero me ver em 2027 em qualquer vídeo por aí!
E quanto ao que você gostaría de ser, de ter, de amar, de gostar, de fazer? Sorria, você está sendo filmado!!
E corre a areia na ampulheta da vida...

4.12.09

Matei Um Vagalume

É. E foi essa semana, meio que sem querer.
Confesso que o sentimento não foi dos melhores, afinal, já há muito tempo eu não via um deles.
Mas sabem como é, plena primavera, calor, tempo abafado, e com isso uma comitiva de insetos resolveu invadir minha cozinha.
A Dionéia não anda dando mais conta... tive de apelar para o veneno!!!
Bem, todos morreram, inclusive o nosso amigo de calda luminosa. E como é fascinante o brilho... que bicho incrível.
Mas é isso mesmo. Às vezes, por plena besteira, desatenção ou por não observamos as coisas a nossa volta, agindo por instinto, matamos coisas belas, fascinantes e diferentes da nossa vida.
Fazendo uma pesquisa rápida, vagalumes são besouros que emitem luz. Incorporaram a bioluminescência porque ela facilita a comunicação sexual e a defesa.
As luzes têm diferentes cores, pois variam de espécie para espécie e nos insetos adultos facilitam a atração sexual.
Quando você perceber não luz contínua, mas lampejos, isso equivale ao início de um namoro: são códigos para atrair o sexo oposto.
Mas a luminescência também pode ser usada como instrumento de defesa ou para atrair a provável caça.
Se você parar para pensar, os artifícios do homem, tem os mesmos princípios usados pelo vagalume. Só que a luminescência do homem, definitivamente não tem nada a ver com luz.
Por falar nisso qual cor e como você anda reluzindo?
Segundo os cientistas um problema que ameaça os vaga-lumes é a iluminação artificial, que por ser mais forte, anula a bioluminescência, podendo interferir diretamente no processo de reprodução da espécie que podem sofrer perigo de extinção.
Isso mesmo, a falsidade, a falta de luz própria e o artificial não prejudica apenas o ser humano. O que é bom, verdadeiro, moralmente correto, romântico e fascinante está desaparecendo entrando em esxtinção.
Matamos vagalumes pessoais.