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25.2.12

Somos Todos o que Ninguém Vê

Um dia é o sorriso largo. No outro é choro escondido.
Um dia é o arrepio. No outro é o arrependimento.
Um dia é a nudez. No outro é a vergonha do desejo.
Um dia é a química. No outro é a física.
Um dia é a sensação de queda livre. No outro é estar machucado no chão.
Um dia é a alegria de estar lá. No outro é a vontade de morrer.
Um dia é a ansiedade de uma semana antes. No outro é o alívio do segundo depois.
Um dia é cada milímetro do corpo. No outro cada cada metro de distância.
Um dia é a presença em festas. No outro a solidão da bebiba.
Um dia é tirar muitas fotos. No outro é ter medo de fantasmas.
Um dia é a loucura desenfreada. No outro a sanidade planejada.
Um dia é a música alta. No outro o silêncio.
Somos todos o que ninguém vê. A essência, o excesso e a falta.

25.12.11

Expectativa Criada é Ferimento com Agulha

Costurando trapos. Lembrando dos dias doces, das atitudes inesperadas, de sentimentos.
Tornando-se especialista na arte dos remendos. Pois um dia alguém olhou fundo, mergulhou retina adentro, e só não caiu por que segurou nossa mão com firmeza. Deslizou os dedos entre os nossos, um dia fez uma medição de mãos.
Juntando retalhos. Querendo de volta carinhos cúmplices, o estar pertinho, o esbarrão intencional, o sentar do lado, as juras que não podiam ter existido. Querer os convites para jantares que nunca aconteceram, festas, chegadas e partidas. Um simples café da manhã que nunca teve.
Balançando o pó. Reparando na imagem congelada dos detalhes, expressões, sorrisos e medos que se passaram. A fotocópia da expectativa criada é a necessidade.
Bordando assuntos. Um dia alguém lhe deu mais a entender do que poderia te dar. Um beijo que marcou uma música. Uma decepção que marcou pra sempre a vida. Matando sorrisos quando se lembra da saudade, sentindo o gosto das lágrimas onde o amor se afogou. Uma frase que nunca virá, uma vontade que se foi a muito. Diz que não precisa e que não quer de novo, muito menos logo. Nos tornamos um molde para uma peça que ficou só na imaginação.
Fazendo o ponto do silêncio. Longo, dolorido, irreal, destruidor. Amor ferido pela paixão branca, que rasga fundo. Não respondendo mensagens, não respondendo perguntas, não dizendo mais uma única palavra que lhe interessaria. Uma linha frágil. Não foi para sempre. Não era para acreditar tanto. Não era para ser exatamente como se imaginou. Não era para ser tudo o que sempre quisemos.
Costurando trapos. O gosto empoeirado de pensar em alguém e não deixar que saiba isso. A falta de ar momentânea, a dificuldade que não agüentamos mais. Então, baixinho, recortamos o pensar, o de lembrar e tiramos dos olhos. Mas o pano velho nos lembra todo dia. Cheio de pó e esperança, fica lá, no canto, o símbolo de que lembramos todo dia de quem fez questão de nos esquecer. Guarde-o e não fique mais torcendo para que algo incrível aconteça, algo não planejado, algo arranjado por forças maiores. Isso é ferimento com agulha, só decepção. Não era sua vez e não era a hora de alguém. E agora o tempo passou.
Tem dias em que a gente deve acordar e simplesmente entregar a agulha para que o esquecimento vá costurando os anos.

4.11.11

Caixa de Segredos sem Cor

Sabemos que determinados lugares nunca mais serão os mesmos. Acabou o colorido.
Já tomamos consciência de que não fazemos mais parte de algo tão especial.
Sabemos que determinada rua que passamos não tornará a ouvir o som dos nossos passos.
Já não somos mais invisíveis e isso não nos importa mais.
As vidas se desenrolaram e seguiram seus cursos. Hoje cada um pensa em si e ninguém mais é confiável.
Viajando por um caminho previsível, carregamos nas costas uma caixa cheia de coisas do passado. A mesma caixa que escondemos de nós mesmos há muitos anos. E que nunca mais vamos abrir. Lá guardávamos segredos que não contamos nem para nós mesmos. Perder-se-ão para sempre.
Sabe, a nossa vida é como um livro de colorir. Ela nunca ficará sem cor. Ou preenchemos com nossas cores favoritas ou alguém o preencherá de forma aleatória, e o resultado final não ficará ao nosso gosto. As pessoas não são como nós. Eles nunca serão como nós.
Você poderia ter sido muito mais. As pessoas te colocaram tão para baixo que você começou a acreditar nisso. É mais fácil acreditar nas coisas ruins. Já percebeu isso? Você escolheu de menos querendo viver vidas demais.
Colorir é decidir. Pintar é dar forma, ilusão.
Lápis de cor é ação. Borracha é arrependimento, decepção.
Cada vez que nos despedimos de alguém, ou não, pode ser que essa pessoa esteja nos vendo pela última vez.
Distância é morte. E a morte, surda, caminha ao nosso lado. E não sabemos em que quadra, de algum lugar secreto, ela irá nos beijar novamente.
Morte é pessoal. Pode-se morrer mesmo estando vivo. Basta alguém usar a borracha.

30.3.11

Vultus Tepore Opaca

Apatia, em geral, é um processo que ocorre com duas pessoas em um relacionamento, que passam a se olhar de modo opaco. Assim eles ficam mais feios um ao outro e menos generosos. Ele se dão menos crédito, não se elogiam mais ou se estimulam a crescer, não mais se contemplam à distância com admiração. Não evoluem mais... Conflitos vários, falta de sexo, beijos e sonhos ausentes são só a conseqüência. Sintomas que aparecem bem depois da apatia inicial. Costumamos achar que o amor morre quando paramos de receber, mas ele já está morto bem antes, quando paramos de oferecer. Tanto é que, para decidir se voltamos ou não, naquelas infindáveis conversas cheias de exigências, achamos que a relação só pode continuar se o outro fizer certas coisas e se recebermos certas coisas. Discutimos a relação... Amigo, quando a relação acaba uma vez, a chance de voltar a dar certo é mínima, or mais que tudo tenha sido dito e combinado! Bem, quando começamos a culpar o outro pelo nosso próprio sofrimento, pronto, eis o alerta vermelho. O fim está próximo!!! A cura para a apatia não é “manter o fogo”, prolongar a paixão inicial, “apimentar a relação”, ir ao sexshop, mudar a aparaência e etc... Tá, lógico que focar no próprio relacionamento, usar a criatividade, explorar fantasias e viajar junto pode funcionar por um tempo, claro, mas não dá para manter tal frescor por muito tempo. A cura para apatia encontra-se mais na vida individual do casal do que no próprio casal. Se você se movimenta de modo positivo, se tem brilho nos olhos, se enriquece a vida dos outros, se anda no mundo com uma visão ampla, se está sempre em desenvolvimento, cada vez mais inteligente, radiante, livre, com sentido na vida, é isso o que livra o casal da apatia! As coisas que conquistam e a energia que eles movimentam por si só, sem o apoio do outro. É essa a energia e a novidade diária que eles trazem para a relação, que se multiplica, tornando o outro uma nova pessoa a se conhecer todo dia, trazendo o desconhecido e a necessidade da conquista diária. Eternamente na dúvida, eternamente namorados... O dia a dia, dessa forma, fará o para sempre.

25.3.11

Ser é Fazer


Todos gostaríamos de estar em outro lugar agora. 
Mas isso é o que fazemos, isso é quem somos. 
Viver por nada ou morrer por alguma coisa. 
Você é quem sempre decide.

19.3.11

Nostálgica Escolha Errada

Ela era uma mulher que estava sendo perseguida pelas nostalgias.
Não estava mais sabendo como se livrar da saudade para continuar vivendo tranquilamente. Ela queria aprender a fazer isso.
Hoje ela acorda e ao olhar para lado, não reconhece mais quem se deita com ela todos os dias.
Olha no espelho e pergunta o que fez da sua vida. Sente falta do tempo em que se sentia totalmente livre. Onde era a única responsável por suas próprias escolhas.
Ela ainda não aprendeu e desconfia que nunca vá aprender.
Mas pelo menos já sabe uma coisa valiosa: que será impossível se livrar da memória.
Ela não pode se livrar daquilo que amou um dia. Isso tudo vai estar sempre com ela. Sempre vai desejar recuperar o lado bom da vida e tentar esquecer a memória do que um dia poderia ter sido seu.
Ela tinha muitas escolhas. Escolheu-o. Fez perversidades por conta dele. Deixou outros virarem apenas lembranças por causa dele. Magoou pessoas em troca de momentos com ele. Hoje está colhendo as tristezas, infelicidades e incertezas.
Não teve paciência. Deixou-se influenciar. Fez aliança com alguém que não lhe completava. Foi manipulada por um punhado de hormônios e misturou paixão com amor. Isso lhe causou certos prazeres...
Porém, o prazer anestesia temporariamente o sentimento de baixa auto-estima e a pessoa vai se anulando em pequenas doses de emoções. Vai deixando-se esvaziar ao invés de deixar o outro completar.
Agora ela volta suas atenções para sua mãe, liga para as amigas que não lhe dão mais atenção e cai nas dúvidas em relação aos benefícios da fidelidade.
Para ela o que basta, então, é ser nostálgica, e aprender a conviver com a saudade.
Saudade do tempo que era cortejada, apreciada, paparicada, elogiada, sexy, caçada, a mulher mais importante do mundo. Tem noites que ela sonha com o abraço que não tem mais.
Mas, para a sua sorte, a saudade pode se transformar, de uma coisa depressiva e triste, numa pequena faísca que pode a impulsionar para o novo, para se entregar a outro amor, a outra cidade, a outro tempo... Que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente do que é agora.
E isso é o que ela procura todo dia, mas não sabe: não desperdiçar a sua vida na solidão, encontrar alguém que lhe apóie, que a ajude a crescer, que a coloque em um pedestal, que a ajude a entregar-se um pouco ao mistério, desfrutar da festa do desconhecido e evitar um pouco a rotina.
Mas, cuidado! Lembre-se sempre de que a culpa nunca é da rotina mas sim de suas escolhas erradas.

14.6.06

Frutos de Escolhas no pé das Intenções

Um nó bem atado. Um nó que não lhe permite se mexer. Um nó na garganta que o impede de falar, gritar, colocar para fora o que se sente.
O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.
E assim seguimos a vida, inoperantes, quietos, sem ação e sem ter como mudar coisas que já passaram. Apenas lamentamos.
Estamos amarrados a um tempo que passou, a algo que fizemos, a escolhas passadas, e nada podemos fazer.
Somos mestres do conformismo, mestres em não chorar o leite que derramou, e mestres do sofrimento.
No íntimo, lá no fundo, o nó prende arrependimentos, medos, dúvidas, fantasmas.
Por mais que lutemos, não conseguimos nos soltar, por que o que foi feito tá feito, e o que passou, passou....o nó prende e deixa marcas. Não conseguimos gritar!
Tudo é mais forte que nós. E isso vai nos corroendo e nos consumindo.
Tentamos esquecer tudo, esquecer que estamos presos, esquecer o que fazemos, mas não adianta. Tá tudo muito preso e apertado na garganta.  O tempo passa, e não cura nada. Escolhemos fazer de tudo para nos livrar agora. Esquecemos do futuro e escolhemos sempre errado. Apertamos mais ainda o nó.
Sem ter como nos mover procuramos relaxar, esquecer o passado e acreditar que o tempo curará nossa revolta, nossos medos, nossas vontades mais íntimas de falar e gritar....
Mas isso não acontece. Sem tempo ou menos tempo o tempo mostra que ele não cura tudo e que ele passa. O nó está lá, na garganta, na vontade de chorar, na depressão e nas lembranças. Somos frutos de escolhas no pé de boas intenções.
Amarrados, sem ter como nos mover, sem ter como mudar um passado, tentando olhar o futuro mesmo sendo conformados com o nosso presente. Alguém aí conseguiu desartar seus nós? Qual a fórmula mágica do esquecimento?

26.8.05

Eclíptica

Um ano, trezentos e sessenta e cinco dias e uma volta da terra em torno do sol. Junto com a terra eu e a minha praia entramos no ciclo.
Devido ao movimento de translação da Terra em torno do Sol, o Sol aparentemente se move, ao longo do ano, descrevendo uma trajetória na esfera celeste que é chamada Eclíptica. A Eclíptica é um círculo máximo que tem uma inclinação em relação ao Equador Celeste. É esta inclinação que causa as estações do ano. Complicado não? Nem tanto!
Contrariando as teorias da física e do universo, na minha praia não fez frio durante esse um ano. Posso garantir que só fez calor. A paixão garantiu que fosse tudo quente, desde as interações, o ósculo (lembra disso?) às juras de amor. Não ocorreram variações climáticas e muito menos tempestades. Uma vida sem igual, num lugar sem igual, uma volta em torno do sol para voltar a ser feliz.
Posso me considerar feliz e um cara de muita sorte. Pois realmente encontrei a minha praia. Nos momentos de mais tensão e dificuldades, tive ela para me dar o descanso. Nos momentos de maior stress, tive sua areia e o mar azul para me acalmar. Eu realmente torço por você, caro leitor, para que você também se defina e encontre o seu lugar ao sol.
As grandes conquistas implicam em grandes riscos. Se você não arriscar, como saberá se será feliz? Uma volta em torno do sol, ou seja, voltamos ao mesmo ponto. Nem parece que demos uma volta, continuamos apaixonados do mesmo jeito e continuamos nos curtindo. Uma praia só minha, para dividir tristezas e multiplicar alegrias. Se a velocidade da Terra na sua trajetória de 107.600 km/h em torno do sol fosse menor, sua trajetória seria mais distante, e se, distante demais do sol, todo e qualquer tipo de vida inexistiria. Da mesma forma, eu e minha praia encontramos o nosso tempo, ajustamos a nossa velocidade, habitamos juntos, estamos na mesma sintonia e isso nos permite estar muito felizes. A terra se move e nós a acompanhamos. Não temos como mudar isso. Temos de nos adaptar e enfrentar todos os obstáculos. A terra não pára. E por mais que lutemos contra, iremos perder a luta. Por isso, sem nos importamos para onde estamos indo, seguimos caminho. Nos curtindo, nos ajudando, nos amando!
Nada pode nos atrapalhar, pois iremos contrariar todas as previsões e estações do tempo. Na minha praia não existe espaço para frio, chuva, ventos fortes ou tempestades. Não existe tempo ruim. Para sempre a terra irá girar, para sempre irei te cuidar e seu Deus quiser, para sempre irei te amar!