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22.2.16

O Olhar que Contempla o Cárcere

É na imagem daquelas curvas retas, que contornam os pensamentos, que a falta de oportunidades toma forma. Assim, um universo inteiro de possibilidades morre de fome. A indiferença veste rosa, amarelo, preto... não por mal, mas por não!
A vida se arrasta, desliza pelo ensaio de porquês, pelas milhares de perguntas sem resposta que você não sabe responder. Por que você nunca está, nunca esteve, nunca foi. São só borrões e distorções.
O cotidiano é feito de diálogos imaginários, supondo poréns, escondendo reféns, maquinando álibis... Uma sequência de discussões infinitas e consequências malditas.
E assim vamos nos acostumando, explicando motivos, justificando ausências, implorando razões, adubando esperanças, esperando a chuva dessa nuvem de tristeza que nos acompanha. Querendo arrancar verdades, delirando possibilidades, colhendo certezas que talvez nunca teremos, palavras que nunca ouviremos, emoções que nunca sentiremos, verdades que nunca saberemos, gostos que nunca provaremos.
A realidade é um tapa na cara, que derruba nossos próprios argumentos entre a mente e o coração. Cheia de fragmentos intransitivos, transitivos diretos e indiretas, espalha pelo tapete do corredor da rotina todos os delitos, julgamentos, amarguras, decepções, intenções, repetições, vergonhas e indecisões.
Vivemos ausências, nos conformamos com o mínimo, com o indigesto, com o dissabor, com o que tem.
A impossibilidade nos faz de fantoches, é um verdadeiro deboche, é crueldade pronta para colocar no diário. É preciso matá-la a força, mas não o fazemos, porque apesar de tudo, a impossibilidade muitas vezes, apesar de inquisitória, nos é confortável.
E no fim, seguimos com esse monólogo platônico a caminho do abismo. E o que fica é a certeza de que tudo que se deixou de viver foi motivo de uma loucura desvairada de obrigações, medos e privações de todos os lados desse cárcere inexplicável e improvável.

7.7.14

Peregrinar na Ignorância é um Giro de 360 Graus

Você foge do passado, seu passado foge do futuro e o seu futuro foge de você. Um círculo formado! 
O ir e voltar ao mesmo ponto, numa peregrinação intensa e constante de existências fundamentadas na aceitação, na troca e na repetição. 
Uma ciranda de relacionamentos movidos a escambo. Cheia de máscaras lustradas no interesse e interações conectadas ao egoísmo. Cada ação, cada passo à frente é um movimento em direção ao interesse próprio, ao que vou ganhar, à própria, única e insignificante existência. 
Uma roda cheia de vidas desperdiçadas, que de forma consciente ou inconsciente, procura se encaixar em algum lugar pré-moldado. Vidas inteiras formadas na obediência a quem e àquilo que dita as regras. 
E as suas regras, que deveriam ser importantes nunca são válidas. Sua voz nunca é ouvida. Seus motivos nunca são suficientes. Sua situação nunca é levada em consideração. 
Uma marcha, onde o outro te apoia porque se apoia nessa imensidão de ignorância, de conformismo, de preconceito, e se alegra do conforto da inquisição de novas ideias.
Uma volta com amores idealizados, infundados, embriagados na enganação de hormônios e na opinião de um círculo.
Giros de 360 graus só te colocam no ponto onde você já está, onde aquele outro já esteve, onde aquele que te segue estará. 
Vidas de pouco significado. Com muito barulho, muito julgamento, muita conclusão, muita conversa, muita expectativa. Uma verdadeira prisão de desejos, de segurança máxima! Ah se pudesse sair da manada... 
Se pudesse ler ao menos um segundo, saberia tudo. 
Se pudesse ver com seus olhos por um segundo, veria tudo. 
Se pudesse ouvir com seus ouvidos, entenderia. 
Se pudesse sentir sem julgar, sentiria tudo.
Se pudesse experimentar, saberia, veria, entenderia e sentiria.
Se pudesse se libertar, amaria. E se pudesse amar de verdade um segundo que seja, amaria tudo, incluindo a si próprio e teria uma vida longe de um círculo vicioso que se repete.
O mais importante não é onde você chegou e o que enfrenta, mas sim o que fez o que não fez para estar onde está.

28.1.14

Na Faixa Etária da Mentira o que Cresce é a Decepção

O mundo parece um grande churrasco de condomínio, uma festa envolvida em mentiras que falamos para nós mesmos e na forma como contamos essas mentiras para os outros. 
Mentiras que são muito rapidamente incorporadas no nosso dia a dia, e nelas baseamos nossas decisões, que nos levam para caminhos que não são os nossos, para lugares que não queríamos e para objetivos que não deveríamos querer. 
Essas mentiras também tem idade. A faixa etária da enganação começa quando a mentira ainda é nova, aquela mentira feita visando a diversão, para testar os limites que os pais colocam. Mas quando a mentira vai ficando mais velha, ela aparece para tentar nos encaixar nesse mundo. Influenciando decisões, amores, carreiras, posses, vidas. A mentira “madura” serve para nos alocar ao lado daqueles que parecem entender as coisas da vida, e parecem não ter dúvidas ou sentir que estão perdidos. A evolução da mentira é nos fazer parecer adultos. E esse é o maior engano de todos. 
Demoramos a entender, e tem gente que passa a vida toda sem saber, que as verdades sobre o que gostamos e o que não gostamos já estão dentro de nós, em algum lugar. E que mentir para si mesmo é aprisionar a perfeição, a realização, o amor. Ignorar essa voz mais íntima, estar surdo ao que o corpo e a mente pedem, e andar abraçado com o espantalho da racionalidade, são sinônimos de privação, de uma vida de frustração. 
Nesses casos não é ter mais experiência que resolve, não é caso de saber mais, pois ninguém sabe mais de nós que nós mesmos. O problema é que não exercitamos nos entender, geralmente somos do contra, somos nossos piores inimigos. Ninguém sabe melhor do que nós o que nos faz felizes. E ninguém tem o poder de encobrir essa verdade mais que nós mesmos. 
Mentimos por medo e vergonha – no desejo de sermos aceitos, de tentar ser iguais aos outros (que também estão tentando ser aceitos), mentimos para viver uma vida de repetição, por mais que não aceitemos isso. 
Quanto mais falamos que queremos ser diferentes, mais nos tornamos iguais. 
Mentimos, pois temos medo de ser diferentes, pensar diferente, fazer diferente. Irônico é saber que muitas vezes as pessoas que conseguem transformar seus sonhos em realidade são precisamente aquelas que tomam decisões polêmicas. Elas são as únicas que têm a coragem de falar e mostrar que tem objetivos incomuns e são verdadeiras nas suas realizações. 
Enquanto isso, muitos na mediocridade, mentem para as coisas, pessoas, atividades e sonhos que realmente dão prazer e que parecem proibidas por ter uma mente recheada e influenciada pelo comum. Se por um momento silenciamos o barulho de “o que diriam” e prestamos atenção na nossa coleção de mentiras, analisando o quando o como e o porquê , poderemos encontrar o nosso tesouro pessoal, aquilo do que realmente gostamos e o que realmente somos, e poupar a nós mesmos de muitas mentiras inúteis que só vão desperdiçar nosso tempo e ânimo. Só fazendo isso é que realmente poderemos correr atrás dos nossos sonhos e nos tornar protagonistas das nossas vidas e não seguidores da vida e dos sonhos de outra pessoa.