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19.8.15

Alguma Coisa sobre Eles

Se fosse simples, tinha só um nome e sobrenome e data de nascimento. Mas não tem. Se não fosse estranho, seria tudo conforme o planejado. Mas é. Se não fosse fascínio, sairia facilmente da cabeça. Mas não sai. Se não fosse intenso, os olhos não procurariam. Mas procuram. 
Para nosso desespero, tudo é notado, tudo é preciso, tudo é mágico, tudo é um único e improvável contato. Nos deixando sem noção de medida, sem noção de certo ou errado, sem saber se vai ou se fica. 
É cíclico, não se supera, não se encontra, não se liberta. São emoções que te jogam de um lado para o outro, te jogam para cima ou para baixo. São poesias em aberto, esperando nomes que não completam lacunas. 
No quadrado da rotina e do aceitável, eles não foram quando quiseram, eles esconderam de si mesmo quando foi necessário. Ele não fez sua parte. Ela não quis sua parte. Eles – não faz mais diferença, é indiferença. 
No carrossel da incerteza ninguém se põe mais a sonhar, apenas brincar, brincar de evitar. 
Pela sombra encontram-se só espaços, abismos, vãos, caos, intenções, desejos, uma porta escancarada. 
Eles não sabem. Quase nada. Alguma coisa sobre eles. O que foi, o que não foi e o que poderia ter sido. Foram embora. Porque nunca haveria lugar suficiente aqui. 
Ganharam asas descartáveis da vida, um leve empurrão e a disposição para querer voar. E na mente somente terceiras pessoas de um plural qualquer. 
Sim, a vida é um plano fracassado de roteiros impossíveis. Uma procura interna de justificativas e álibis, tornando os pequenos encontros de certeza inesquecíveis.

4.11.14

Amor Romântico e Amor Genuíno

"O problema é que sempre confundimos a ideia de AMOR com APEGO. 
Sabe… nós imaginamos que o apego e o agarramento que temos em nossas relações demonstram que amamos quando, na verdade, é só apego… que nos causa dor. Porque quanto mais nos agarramos, mais temos medo de perder. E então, se perdermos, vamos sofrer. 
O que quero dizer é que amor genuíno é… 
Bem, o apego diz: ‘eu te amo, por isso eu quero que você me faça feliz…’. O amor genuíno diz: ‘eu te amo, por isso quero que você seja feliz. Se isso me incluir, ótimo! Se não me incluir, eu só quero a sua felicidade. Apego é como segurar com bastante força. Amor genuíno é como segurar com muita gentileza, nutrindo, deixando que as coisas fluam. Não é ficar preso com força. Quanto mais agarramos o outro com força, mais nos sofreremos. 
Porém é muito difícil para as pessoas entenderem isso porque elas pensam que quanto mais se agarrarem a alguém, mais isso demonstra que elas se importam com o outro. (…) 
Idealmente, as pessoas deveriam se unir em casais já se sentindo preenchidas por elas mesmas e ficarem juntas apenas para apreciarem isso no outro, em vez de esperar que o outro supra essa sensação de bem estar que elas não têm sozinhas.” - Jetsunma Tenzin

[Ative a legenda no canto inferior direito do vídeo]

 

13.1.13

Renascer é Percorrer o Caminho em Busca do Oceano

Para todo problema complexo, aquele sem precedentes, interno, pessoal, sempre existe uma solução simples, elegante, fácil e completamente errada. Nesses momentos, nas encruzilhadas da vida, escolhas precisam ser feitas. 
O caminho correto é solitário, frio, escuro, úmido, complicado, estreito, difícil. E às vezes basta um olhar. Sem intenção, sem objetivos para se abrir um lado largo, convidativo, bonito, florido, acompanhado. Apenas uma mera fantasia para se abrir um grande buraco que te arrasta, suga, puxa, engole. 
Para todo problema complexo existe uma armadilha que depende exclusivamente de você para funcionar. Só se fica preso quando quiser de fato. Todo sofrimento, lágrima e desespero é encenação, ao mesmo tempo que não é. 
É caminhar do lado errado, gritando por ter caído na armadilha, gritando alto para não ouvir a si mesmo e perceber que só se está ali porque quer. E vamos batendo muitas fotos, na esperança de que em uma delas fiquemos apresentáveis. Distribuímos imagens ao longo do caminho, sabendo que voltar é difícil, por vezes impossível! 
A vida é mágica, mas nenhuma magia vai produzir efeitos ao contrário da sua vontade. E isso é o que há de tão fantástico e assustador no livre-arbítrio: sempre há uma escolha! Decidir no meio de dois caminhos significa que, não importa o que aconteça à sua volta, você sempre será um ser livre. Mas você nunca poderá culpar os deuses, o destino, a pobreza, os amigos, a família, a sociedade, seu corpo ou seus traumas pelo que você faz. É tudo com você! 
Escolher o difícil é saber que sempre existirá outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outros amores. E outras possibilidades. E outras pessoas. E outros mundos. E outras cidades. E outras coisas... Viver é coisa séria! Não é imaginação, final de semana, irresponsabilidade. Existir não é carência, aleatoriedade, plantar e negar colheita. Mas como são belas aquelas imagens... 
‘Somos gotas. Formamos um rio que tem medo de cair no mar. Percorremos todos juntos uma jornada, todo o caminho complexo, sinuoso, difícil e quando olhamos à nossa frente, encontramos algo tão grande e azul que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Pode-se apenas ir em frente. E é somente quando entramos no oceano é que o medo desaparece. Descobrimos que não se trata de desaparecer no oceano, mas de tornar-se oceano. Escolher certo por um lado poder ser desaparecimento; por outro, renascimento.’

25.12.11

Expectativa Criada é Ferimento com Agulha

Costurando trapos. Lembrando dos dias doces, das atitudes inesperadas, de sentimentos.
Tornando-se especialista na arte dos remendos. Pois um dia alguém olhou fundo, mergulhou retina adentro, e só não caiu por que segurou nossa mão com firmeza. Deslizou os dedos entre os nossos, um dia fez uma medição de mãos.
Juntando retalhos. Querendo de volta carinhos cúmplices, o estar pertinho, o esbarrão intencional, o sentar do lado, as juras que não podiam ter existido. Querer os convites para jantares que nunca aconteceram, festas, chegadas e partidas. Um simples café da manhã que nunca teve.
Balançando o pó. Reparando na imagem congelada dos detalhes, expressões, sorrisos e medos que se passaram. A fotocópia da expectativa criada é a necessidade.
Bordando assuntos. Um dia alguém lhe deu mais a entender do que poderia te dar. Um beijo que marcou uma música. Uma decepção que marcou pra sempre a vida. Matando sorrisos quando se lembra da saudade, sentindo o gosto das lágrimas onde o amor se afogou. Uma frase que nunca virá, uma vontade que se foi a muito. Diz que não precisa e que não quer de novo, muito menos logo. Nos tornamos um molde para uma peça que ficou só na imaginação.
Fazendo o ponto do silêncio. Longo, dolorido, irreal, destruidor. Amor ferido pela paixão branca, que rasga fundo. Não respondendo mensagens, não respondendo perguntas, não dizendo mais uma única palavra que lhe interessaria. Uma linha frágil. Não foi para sempre. Não era para acreditar tanto. Não era para ser exatamente como se imaginou. Não era para ser tudo o que sempre quisemos.
Costurando trapos. O gosto empoeirado de pensar em alguém e não deixar que saiba isso. A falta de ar momentânea, a dificuldade que não agüentamos mais. Então, baixinho, recortamos o pensar, o de lembrar e tiramos dos olhos. Mas o pano velho nos lembra todo dia. Cheio de pó e esperança, fica lá, no canto, o símbolo de que lembramos todo dia de quem fez questão de nos esquecer. Guarde-o e não fique mais torcendo para que algo incrível aconteça, algo não planejado, algo arranjado por forças maiores. Isso é ferimento com agulha, só decepção. Não era sua vez e não era a hora de alguém. E agora o tempo passou.
Tem dias em que a gente deve acordar e simplesmente entregar a agulha para que o esquecimento vá costurando os anos.

23.3.11

Nude, Green Leaves and Bust


Essa obra de arte ao lado de Picasso, pintada entre 1920 e 1930, e exibida somente uma vez publicamente, desde 1951, retrata uma de suas amantes, Marie-Thérèse Walter.
A obra foi vendida pelo maior preço já obtido por uma pintura em um leilão, 191milhões de reais no ano passado.
O pintor conheceu Marie-Thérèse ainda menina (17 anos), em 1927. Esperou por ela um ano.
No dia em que completou 18 anos, Picasso, com 46, levou-a para a cama. Thérèse seria amante do pintor pelos 15 anos seguintes.
Independente da mulher que estivesse oficialmente ao seu lado, Picasso visitava a menina loira, de olhos azuis, pelo menos uma vez por semana. Foi assim que, 7 anos depois de suas visitas, nasceu Maria de la Concepcion (Maya), filha que o artista nunca reconheceu.
Marie-Thérèse se enforcou em 20 de outubro de 1977, apenas quatro anos após a morte do pintor.
Acho que não preciso dizer mais nada... e tudo isso começou apenas com um passeio despretensioso de Marie-Thérèse à tarde numa loja de departamentos em Paris.

24.6.10

A Inevitabilidade do Problema

Após o namoro, você percebe que algo nele(a) nunca sequer namorou com você…
“Você achava que me conhecia bem demais, ficou confiante. Mas nunca olhou dentro da embalagem. Viu o externo e achou que aquilo era tudo, que já estava tão por dentro de mim quanto alguém poderia estar. Acomodou-se. Mas sou muito mais do que os olhos deles podiam ver ou o que suas mãos podiam sentir, e nesse desconhecido ele nunca se aventurou. Ficou com a rocha, se satisfez com a rocha e uma rocha era o que esperava que eu fosse.”
Além de confundirmos nosso(a) parceiro(a) com a identidade que por nós foi construída (já falei sobre isso em posts anteriores), não conseguimos ver os outros(as) homens(mulheres) por dentro da “embalagem”. Não vemos por completo.
As pessoas choram debaixo do chuveiro, ficam tristes antes de dormir, desejam dias melhores, podem até ter pensamentos suicidas, voltam para a cama e não desconfiamos de nada. Não nos damos conta dos sentimentos ocultos, de como um comentário pode ferir, de como podemos ser egoístas sem nos aperceber. Sutilmente inferiorizamos...
Por outro lado, podemos viver o lado mágico das relações transformadoras. Quando nosso(a) parceiro(a) se sente realmente vivo(a), olhado(a), cuidado(a), preenchido(a) dentro de uma relação, tudo o que não conseguimos identificar internamente consegue sentir esse calor. O inteiro fica feliz e completo no relacionamento.
Cuidar de um relacionamento é um esforço contínuo e nunca será definitivo. Ao tentarmos nos aproximar da totalidade do outro, percebemos que ela é inatingível, sempre expansível, sempre mutante. Um outro nasce diariamente e diariamente requer nossa atenção.

16.8.08

Só sei que Nada Sei!


"Certa manhã, ao despertar de sonhos intranqüilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso." Franz Kafka

Começou num olhar. No notar da sua presença. Nada mais nada menos que um período de Gregor Samsa.
Dorme-se homem de bem e acorda-se um monstro à prisão que é o olhar dos outros e as celas que são seus pensamentos.
Você procura entender, assustado com tal terrível imagem formada e refletida, o porquê isto acontece.
Mas não tem jeito... criou asas, mudou a percepção, mudou os gostos, pensa diferente. Voou e experimentou outros ares.
Um conselho? Não dá para compreender. Deixe acontecer. Surge de repente. Não escolhe sexo, idade, condição social, cor ou raça e principalmente local. De uma hora para outra você está lá. Transformado e transtornado!
Seu mundo mudou, sua certezas não existem mais, fica tudo mais confuso. Afinal, o instante do despertar é o instante mais perigoso do dia e da vida.
As imagens não lhe saem da cabeça e seu corpo perde a razão. Foi como num piscar de olhos, da Menina dos Olhos.
Você luta, tenta não fazer certas coisas, não pensar certas coisas, lamentar certas coisas, mas perde! Sua natureza agora é outra, seu desejo é outro. Não tem mais volta.
O espelho agora reflete outro ser, modificado, mas não menos complicado. Você simplesmente deseja...
A dúvida e a razão não dão trégua. Incomodam. Pesam. Te entregam. São o espelho da sua consciência. E você lá, numa duplicidade de pensamentos. Uma hora assustado por ser inseto e por outra querendo continuar como tal.
Provou do açúcar, um lábio de açúcar, o mel do conhecimento ou a doçura de um novo livro, um novo ser.
Você não pensa mais no futuro, esquece sentimentos do passado e se prende à sua nova condição à sua nova casca. Total mundo de incertezas..
Na verdadeira luta do bem contra o mal, do certo com o errado, a natureza do ser-humano é exatamente essa: se transformar todos os dias num novo inseto.

6.4.05

O Intransponível Adormecido

Os anos passaram, eles cruelmente construíram uma parede
“Vc pode ser ninguém no mundo, mas pode ser o mundo de alguém”
Uma parede que parece intransponível, enorme!
Tão grande quanto ao desejo do beijo que não ocorreu
Quanto à vontade do abraço, das mãos coladas
Mas ela está lá, uma parede, dividindo dois corações
Corações pequenos, indecisos, que não sabem ou não possuem coragem para derrubá-la
“Se vc não fosse meu, eu te compraria”
A parede não permite o contato, o olhar, o toque
Ela simplesmente existe e impede que algo adormecido volte a acordar
Que algo não resolvido volte a ser considerado
Que os dois corações voltem a se unir
Mas ela é grande, derrubá-la é algo quase impossível
As situações que se colocaram a tornam imponente
Derrubá-la é mais do que ter coragem, é necessário ter peito, pois estruturas serão abaladas
Os corações divididos por ela sofrem, não podem expressar o que sentem
Apesar de respirarem o mesmo ar, estarem no mesmo mundo
A paixão aquece mas tem fim, o amor dorme e essa parede não o deixa acordar
“É por isso que digo e sempre continuarei dizendo: te amo”
 Será que um dia existirá solução? O que é melhor?
Derrubar a parede de uma vez? Ou derrubá-la tijolo por tijolo?
O tempo se encarregou de contruí-la
Que ele agora se encarregue de ajudar dois corações a derrubá-la.