4.11.11

Caixa de Segredos sem Cor

Sabemos que determinados lugares nunca mais serão os mesmos. Acabou o colorido.
Já tomamos consciência de que não fazemos mais parte de algo tão especial.
Sabemos que determinada rua que passamos não tornará a ouvir o som dos nossos passos.
Já não somos mais invisíveis e isso não nos importa mais.
As vidas se desenrolaram e seguiram seus cursos. Hoje cada um pensa em si e ninguém mais é confiável.
Viajando por um caminho previsível, carregamos nas costas uma caixa cheia de coisas do passado. A mesma caixa que escondemos de nós mesmos há muitos anos. E que nunca mais vamos abrir. Lá guardávamos segredos que não contamos nem para nós mesmos. Perder-se-ão para sempre.
Sabe, a nossa vida é como um livro de colorir. Ela nunca ficará sem cor. Ou preenchemos com nossas cores favoritas ou alguém o preencherá de forma aleatória, e o resultado final não ficará ao nosso gosto. As pessoas não são como nós. Eles nunca serão como nós.
Você poderia ter sido muito mais. As pessoas te colocaram tão para baixo que você começou a acreditar nisso. É mais fácil acreditar nas coisas ruins. Já percebeu isso? Você escolheu de menos querendo viver vidas demais.
Colorir é decidir. Pintar é dar forma, ilusão.
Lápis de cor é ação. Borracha é arrependimento, decepção.
Cada vez que nos despedimos de alguém, ou não, pode ser que essa pessoa esteja nos vendo pela última vez.
Distância é morte. E a morte, surda, caminha ao nosso lado. E não sabemos em que quadra, de algum lugar secreto, ela irá nos beijar novamente.
Morte é pessoal. Pode-se morrer mesmo estando vivo. Basta alguém usar a borracha.

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