11.10.12

O Conto de Fadas da Vida é um Desabafo

A fala era engano. A roupa, mais um engano. Uma vida, mais um engano. 
Luzes em cena, a eterna espera pelo que ficou por ser dito. E, no fim, lamentam-se os enganos. Uma plateia que continua se enganando ao acreditar que ainda dá tempo. Que o boneco ainda tem chance. E de engano em engano, através de uma coleção de diálogos e reencontros imaginários, uma trama se desenrola. Um verdadeiro teatro de fantoches na mão da fantasia. 
As ações se transformam em aproveitar o que sobra ou o que falta, não o que, de fato, é. Qualquer coisa que se desataca, qualquer coisa que some. Qualquer coisa que precise falar alto ou silenciar. Personagens fictícios de nossa própria realidade. Fantoches torturados pelo sono. Manipulados por uma oscilação de humor. Não acreditando mais no que é dito. Não crendo que a vida, os amores e os sonhos sejam somente isso. Altos e baixos, idas e voltas, conquistas e decepções... 
Por tantas vezes há mais verdade na mentira do que na aparente alegria de um fantoche. 
O conto de fadas da vida é um desabafo. A esperança é a única certeza. A ilusão é a única escolha. Por tantas vezes se jura em falso... por tantas vezes se chora em silêncio... por tantas vezes se ama em vão... 
Nada é o que faz parecer. Porque ser humano nenhum é capaz de se fazer caber no palco da total compreensão de si e dos caminhos que toma na vida. Pelo destempero, pela culpa, pela obsessão. Quanto engano. Desengane-se. 
Figuras justificando amores partidos e oportunidades perdidas. Participando de crônicas sobre o nada, contos de mentira. 
Vez ou outra um incômodo, vez ou outra uma lágrima, vez ou outra um sorriso e assim segue. Fantoches atormentados ou simplesmente um bons protagonistas… Nunca vamos realmente saber. E o que vale a pena, acima de todos os possíveis finais da história, talvez seja exatamente isso. Nunca vamos saber, nunca vamos compreender o motivo pelo qual seguimos com pressa para abrir uma nova porta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário