12.2.11

Fala Demais de si Porque não se Aguenta

Nada mais insuportável que pessoas que falam demais.
Principalmente aquelas que falam demais e só, somente só, de si mesmos.
Fala o que ela fez, realizou, concluiu, está fazendo, como é superior, como é feliz, como tudo dá certo na vida dela, o que ela ainda vai fazer, ou o que aconteceu com ela e etc.
Falam como se fossem o centro do universo e fossem as pessoas mais importantes do mundo, onde todos a sua volta deveriam estar interessados na suas vidas, nos seus estilos, nas suas manias, nos seus acertos mentirosos.
Essas pessoas, se gabam, falam, gesticulam, querem toda a atenção do mundo. Falam demais de si mesmo independente do local, da hora, do momento e das pessoas a sua volta. Falam para amigos, desconhecidos, inimigos.
Fiquei essa semana me perguntando o que poderia levar tais pessoas a este tipo de comportamento irritante. Afinal, nem todo mundo quer ficar ouvindo das suas “realizações maravilhosas”, seus “atos heróicos”, suas “noites calientes”, suas “aventuras amorosas”, suas meias verdades, pois elas são maravilhosas só para elas.
A regra básica é: se quer falar sobre você, deixe alguém perguntar e se interessar primeiro.
Você pode achar que é interessante, quando na verdade não é!
Ou então escreva um blog e respeite o direito das pessoas saberem sobre você quando elas quiserem e não quando você vomita palavras nos ouvidos delas sem permissão.
Voltando à minha reflexão, eu acredito que quando a pessoa fala demais, nesses casos, acaba servindo como um muro de defesa contra si mesmo.
As pessoas que falam demais sobre si, suas realizações pessoais e se gabam com isso, no fundo, precisam dividir com outros algo que ela mesmo já não agüenta mais: si própria. Isso mesmo! Essas pessoas têm um ser interior que as tortura, incomoda e elas precisam exteriorizar isso...
Por isso a fala. Quando essa pessoa fala, é capaz de criar uma distância segura em relação a ela mesma, como se não precisasse realmente se envolver com seus sentimentos de insatisfação, infelicidade, dúvida, ansiedade e medo. Ela tenta convencer os outros e principalmente a si mesma de que a sua vida é satisfatória, legal, divertida, bacana, quando na realidade não é.
É aquela coisa, quando se tem barulho, falando demais, a pessoa não consegue prestar atenção a si mesmo e muito menos precisa agüentar o tormento que é o silêncio e a reflexão da sua própria vida…Olhar nos olhos dos outros em silêncio, então, é um martírio!
Esse tipo de gente, também pode ser classificado em alguns outros estereótipos:
Existem aqueles que falam e falam e, de repente, percebem que deveriam perguntar alguma coisa a você, por educação. Perguntam. Mas quando você está abrindo a boca para responder, já se atravessaram para mais algum aspecto sobre o único tema fascinante que conhecem: eles mesmos.
Há aqueles que fingem ouvir o que você está dizendo. Você consegue responder. Mas, quando coloca o primeiro ponto final, percebe que não escutaram uma única palavra. De imediato, eles retomam do ponto em que haviam parado. E não há nenhuma conexão entre o que você acabou de dizer e o que eles começaram a falar de si mesmo novamente.
Existem aqueles que ouvem o que você diz, mas apenas para mostrar em seguida que já haviam pensado nisso ou que sabem mais do que você, e dá-lhe dividir novamente o ser insuportável do seu interior.
Há ainda os que só ouvem o que você está dizendo para rapidamente reagir. Enquanto você fala, eles estão vasculhando o cérebro em busca de algo para dividir que tenha a ver com o assunto.
Infelizmente estamos cercados de pessoas que só conhecem uma verdade, a sua. E que precisam preencher seus mundos - inclusive seu interior - com ruídos, dividindo-se para o demais, para tornar as suas vidas infelizes mais fácil de suportar.

6 comentários:

  1. Anônimo9:19 PM

    Conheço pessoas assim, e quando estou "querendo conversar" sem gastar saliva, as procuro... aff

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  2. Gostei do texto, parabéns!
    Caiu como uma luva para um momento que vivo... :)

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  3. Obrigado pessoal pelos comentários. Fico muito feliz em saber que o texto foi útil de alguma forma.
    Grande abraço!

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  4. Gostei do texto.Pra falar a verdade,
    as vezes falo demais num arroubo de ansiedade e isso é muito chato mesmo para as pessoas que estão à volta.
    A gente precisa se policiar.

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  5. Denise1:36 AM

    E quando essa pessoa é uma funcionária contratada para coordenar uma área da empresa, e qdo se reúne com vc, seu chefe, para falar sobre alguns assuntos importantes, só fala de si própria? Como tratar esse caso sem melindrar a funcionária e ao mesmo tempo alertá-la sobre o que vem ocorrendo?

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  6. Anônimo7:53 PM

    Em geral sou muito quieta, passo muito tempo em silêncio e tenho uma paciência de Jó para ouvir as pessoas. O meu problema, e que me odeio por isso, é que quando falo, cito coisas pessoais, como se a pessoa fosse meu analista e eu precisasse falar o que realmente acontece na minha vida, o que realmente penso e já fui "acusada" de ter um "excesso de sinceridade". rsrsrs. Policio-me para parar com isso, mas somente me dou conta depois que já falei e, na maioria das vezes, com quem não tenho a menor intimidade. Meu marido é o mestre o papo de amenidades, passa horas sem fim falando do clima, de música e de trabalho. Nada pessoal. Eu sou o contrário. Não sei porque sou assim.

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