15.12.11

Rascunho de Amor com Rodapé de Mágoa

Às vezes se encontra o mapa do paraíso. Mas alguém te faz naufragar pelo caminho.
Às vezes um pequeno passo é que junta duas pessoas. Mas são pequenos movimentos que te fazem desacreditar.
Às vezes você conhece uma pessoa. Por essa pessoa você decidiria ficar até amanhecer. Só para fazer com que aquele hoje durasse mais. Só para repetir todas aquelas coisas que davam frio na barriga, que te deixavam nervoso, que eram inesperadas, que coloriram a vida, que te despertavam para o que você é. Mas ela não te dá esse tempo...
Por ela você ficaria amanhã também. E depois, e depois. Mas não pode. É só vontade.
Por ela você se perguntaria muitas vezes: “O que é que eu estou fazendo?”.
Às vezes você perde os seus sentidos. E recobrar a lucidez é mergulhar de cabeça na decepção. E aqui estamos. Nessa leitura estamos. Reconhecendo-nos. Lembrando. Culpando-nos da entrega?
Duvidar é ter a certeza de que muitas outras coisas não foram mencionadas. Mas você sabe... Por mais que foi, não foi. Por mais intenso que era, se apagou. Por mais verdadeiro que parecia, era falso. Por mais feliz que fosse, era ilusão. Por mais amor que sentiu, era decepção.
Às vezes, se pudéssemos ficar, ficaríamos. Um pouquinho mais, o suficiente pra enjoar e fingir que nem foi. Mas não tem como. Às vezes não dá tempo. Somos todos julgados e nos julgamos pelas decisões que fazemos e não pelas decisões que poderíamos ter feito. Quanta injustiça! O que era, foi!
Maldito círculo vicioso da tentativa imbecil de enganar a vontade e a verdade. Na tentativa fracassada de achar que fazemos as coisas do jeito certo. Às vezes dizemos que a pessoa era certa na hora errada. Inevitável.
Por uma pessoa você adiaria o sono só para guardar o gosto. Guardaria a roupa só para relembrar uma emoção. Esconderia um desejo para evitar o pior depois. Não magoaria.
Às vezes você não admite que as coisas vão continuar exatamente como estão. Você vicia nessa dor que não tem data e nem hora marcada pra acabar. As coisas vão continuar. Exatamente do jeito que essa pessoa um dia te deixou. Sentado à margem de uma fonte de mágoas, tristezas, justificativas e desconsolação.
Uma pessoa. Capaz de te deixar com uma história em mãos. Toda em branco. Preso em páginas em branco com uma caneta sem carga. Um livro secreto com a decepção no rodapé. Apenas lembranças de nada completo. São como os rascunhos que permanecerão na mesa. Porque pela primeira vez você sente que não preciso mais jogá-los fora…
E assim sua vida se vai. Por que você vive evitando o amanhã. Porque sabe que seu dia seguinte é sempre um nunca mais.

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