22.7.11

O Dia em que eu Questionei meu Futuro

A primeira vez que ouvi falar sobre o TEDx foi por meio dos vídeos que assistia no YouTube.


O TED (Tecnologia, Entretenimento e Design — áreas que estão, coletivamente, moldando o nosso futuro) surgiu em 1984 com uma conferência que teve entre seus palestrantes Bill Clinton, Paul Simon, Bill Gates, Bono Vox, Al Gore, Michelle Obama e Philippe Starck. O objetivo do TED é fazer com que idéias que merecem ser espalhadas se incorporem cada vez mais na nossa realidade. Todos que participam, comparecem e apóiam o evento, acreditam no poder transformador das idéias para mudar atitudes, vidas e, em consequência, o mundo.
O TEDx (que aconteceu em Curitiba na semana passada) é um programa local auto-organizado que apresenta conferencistas ao vivo que são combinados para proporcionar um debate profundo e conexão entre as idéias. Tudo é feito por voluntários, sem cobrança de taxas ou qualquer forma de pagamento. A platéia é sempre selecionada de acordo com um perfil desejado em linha com o tema que será apresentado.

Fiz minha inscrição e felizmente fui um dos classificados para estar presente no TEDx. Aliás eles fizeram uma surpresa bem legal colocando no painel de entrada um mosaico com as fotos de quase todos os participantes.
O evento aconteceu em um sábado (16/07), durante todo o dia, no Museu Oscar Niemeyer.
Eu tinha certa expectativa em relação ao que iria ver e ouvir naquele dia, mas minhas expectativas foram superadas. É impossível relatar a emoção que permeou as apresentações de 17 palestrantes ao todo. O clima, a disposição dos participantes e a energia da comissão organizadora, tudo foi muito impressionante. Fora a maravilha que me ocorreu que foi fazer novos amigos naquele dia.
Justamente em uma semana que estava meio deprê, decepcionado e muito magoado com algumas coisas, naquele sábado eu escutei, vi, senti, pensei e concluí tudo o que precisava. Foi sensacional! O ponto de partida para um novo recomeço.
As palestras e as experiências me mostraram que na verdade nós, individualmente falando, não temos problemas. Achamos que somos alguma coisa, que temos problemas na vida ou que somos as pessoas mais injustiçadas do universo. Mas não!
Concluí que, pensando coletivamente, pensando no mundo e nos problemas dele, em tudo o que acontece a minha volta, ao sofrimento e aos problemas alheios, não sei o que é problema de verdade.
E ainda mais importante, concluí que ao invés de ficar só olhando para o meu próprio umbigo e para o meu mundinho particular, preciso me perguntar mais vezes: O que ando fazendo para tornar a vida das pessoas em minha rede, aquilo que acontece em torno do meu mundo particular, melhor? O que estou dando em troca? Já fez essa pergunta?
Durante as apresentações foi fácil perceber que enquanto alguns procuram dividir idéias para o benefício de outros, fazendo sacrifícios em prol de sonhos, lutando para criar de alguma maneira um mundo melhor, existe ainda uma enorme maioria que se preocupa apenas com si próprio, suas viagens, suas diversões, em se dar bem, sua vida mal vivida, seu futuro individual. É ou não é?

– Qual é o teu sonho?
Quem sonha, cria todo dia
E quem cria, nasce todo dia
Um sonho te persegue até acontecer.
Acredite e sonhe sempre. (Jaime Lerner)

Foi inspirador demais conhecer Helio Leites e descobrir que o objetivo dele é “salvar o mundo criando pontes entre as pessoas”.



Fiquei impressionado com a audácia e a cabeça de Rene Silva e sua Voz da Comunidade. Aos 17 anos de idade o menino está transformando a vida das pessoas que mais precisam. Ele tinha um sonho, foi, não perguntou, e fez! E começou aos 12!
Já pensou em o quanto ganharíamos se os nossos jovens também colocassem em prática idéias para o bem dos outros? Mas o que se vê é apenas drogas, mais egoísmo, diversão, álcool, balada, festa...
E por falar em educação, fiquei surpreso ao ver o professor Belmiro mostrar que no Brasil temos apenas ¼ da educação que em alguns países asiáticos. Aqui ficamos na escola cerca de 4 horas por dia durante 7 anos, enquanto que em outros países temos 8 horas por dia durante 13 anos. Isso nos mostra que nada é por acaso. A estupidez e a ignorância que nos cerca tem motivo. Ah! E como foi maravilhoso o projeto que ele mostrou da escola modelo em Piraquara. Sim, é possível...
Sou fã do Woody Allen, e foi muito legal ver o Claudio demonstrando que o sonho de tê-lo filmando no Brasil pode ser possível com planejamento, insistência e perseverança. Ou seja, podemos fazer qualquer coisa! Basta querermos.
“90% de uma idéia se baseia em insistir.”
“A realidade é dura mas ainda é o único lugar que pode se comer um bom bife.”
(Woody Allen)

Nada me emocionou mais que a história da Marília e a sua Síndrome do Amor. Já pensou em transformar o seu problema em uma solução para um monte de pessoas? Foi isso o que ela fez. Fantástica e maravilhosa a sua história.
Conheci o Augusto de Franco. Foi de longe as palavras que mais me provocaram. Não vou falar nada, porque o que aprendi dele vale um post só dele que vou fazer mais para frente. Mas compartilho abaixo a sua apresentação. Desobedeça!!!
“Somos pessoas comuns. Já somos o máximo que poderíamos ser. Mas aprendemos que temos sempre de se destacar e nunca que temos de se aproximar.”

O dia ainda teve Alessandro Martins e sua Biblipote, Elio Lazzarotto e sua forma mágica de ver o mundo ajudando pessoas como Papai Noel, Marcelo Rosenbaum em como o design pode ser pensado para o bem comum até mesmo em momentos de tragédia, Maria Augusta Orofino e seu excelente Design Thinking, Valéria Brandini desmistificando o mundo do consumo, Willana Top que deu o toque da diversidade e do polêmico tema do preconceito, e o fechamento com a apresentação do Gil Giardelli que provocou a platéia em mostrar como as redes sociais estão se mobilizando ao redor do planeta para transformar esse velho mundo (baseado em velhos conceitos). O Gil mostrou as mudanças no mundo real e virtual, que impactam a vida de milhares de pessoas em torno do sonho de um mundo melhor e mais justo. E ele foi muito feliz na condução de sua apresentação, foi demais!!!
Finalizando, posso dizer que foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. Mudou minha forma de encarar meus problemas, questionou minha vida atual e principalmente o que quero para meu futuro. Me fez mudar alguns planos, ter novas idéias e me inspirou usar melhor meus talentos. Quem sabe um dia não serei eu que estará nesse palco? Foi inacreditável, inesquecível, inspirador e provocador.

6 comentários:

  1. Puxa, fiquei muito emocionada com o seu comentário sobre a Síndrome do Amor. É sempre muito bom saber que a vida curta e intensa do meu filho hoje pode transformar pessoas. Obrigada! abs Marília

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  2. Ver depoimentos com o seu nos faz ver o quanto vale a pena continuar sendo parte desse trabalho. Obrigada por partilhar, Luiz. E para quem buscava 'Inspiração para realizar e a motivação para continuar', sinto que você vai longe. Abraços

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  3. Marília, você tem todos os méritos. Como eu mesmo disse, você transformou um problema pessoal irremediável em uma forma de ajudar outros. Essa atitude é uma lição que vale para todos os campos da nossa vida! Obrigado!!!

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  4. Renata, é esse mesmo o sentimento. O trabalho de vocês foi e está sendo fabuloso. Só tenho a agradecer pela "chacoalhada". E pode contar comigo para qualquer coisa que precisar para continuar.

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  5. este seu comentario sobre o evento me deixou com agua na boca,so de ler o comentario me senti contagiado,esses dias mesmo estava pensando se este mundo poderia fica melhor um dia,resolvi cessar meu pensamento pois comecei a me achar um iludido,mas foi saber que nao estou só,

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  6. Roger, obrigado pelo comentário, a idéia é essa mesmo. Muita gente tem o sonho de transformar o mundo para melhor. Não estamos sozinhos nesse pensamento e objetivo. Se fizermos o mínimo possível, já estaremos melhorando ao menos o mundo a nossa volta.

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