31.7.10

Os Cavaleiros do Apocalipse das Organizações

É segunda-feira. Motivo suficiente para alguns sentirem algum grau de aflição e ansiedade. Afinal, é mais uma semana que se inicia. E é a partir daí que você uma hora ou outra se confrontará com um dos cavaleiros do apocalipse do mundo corporativo!
Talvez você diga: “Bem, agora ele pirou de vez”, ou, “Isso é muita viagem para minha cabeça”, ou então, “Me recuso a continuar a leitura por que essas coisas não têm comparação”. Seja como for, continue ou não, segue...

“...um cavalo cor de fogo; e ao que estava sentado nele foi concedido tirar da terra a paz, para que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada...”

A “grande espada” desse cavaleiro simboliza a guerra, o desacordo. Esse cavaleiro do mundo corporativo consegue fazer muito estrago pelos lugares onde passa. É divulgador de fofocas, espalha inverdades (principalmente quando seu crescimento profissional está em jogo), adora uma discussão, se sente muito a vontade em falar alto, desrespeitar outros, meter a boca, falar palavrão, mostrar poder. Nas reuniões essa típica figura é sempre revelada. Bate na mesa, bate o telefone, causa intrigas, discorda das coisas apenas pelo prazer de discordar. A figura maligna é especialista em testar a paciência dos outros, em provocar, em fazer você de palhaço, em humilhar e em torcer para que você saia de si. Eles adoram ter algum motivo na manga...
“Guerras contínuas” e “ameaças de guerra” pesam ainda muito mais sobre a geração mais nova (chamem da letra que acharem melhor). A geração “qualquer letra”, geralmente, ao bater de frente contra esse cavaleiro, pode receber para sempre o rótulo de que são profissionais sem juízo, imaturos e desequilibrados, prejudicando assim a sua vida profissional, às vezes sem reversão.
Profissionais afetados pela “guerra” aprenderam a contar o tempo em horas e dias, em vez de em meses e anos.,,

“... e eu vi, e eis um cavalo preto; e o que estava sentado nele tinha uma balança na mão. E eu ouvi uma voz como que no meio das quatro criaturas viventes dizer: ‘Um litro de trigo por um denário, e três litros de cevada por um denário; e não faças dano ao azeite de oliveira e ao vinho...”
Vive faminto do convívio com a família? De ver os amigos? De ter tempo livre? De aproveitar mais a sua tão curta vida? Então...milhões vivem. São diretamente afetados pelo cavaleiro do cavalo preto, que denota fome, restrição. Esse cavaleiro do mundo corporativo adora horas extras. Não se preocupa com sua vida pessoal e muito menos com a vida pessoal dos seus funcionários. Faz todos trabalharem muito, às vezes sem comida, sem água, sem ar-condicionado, sem paz e principalmente sem motivo! Ah! Como adoram uma reunião...
Se existe lei contra hora-extra e a exploração alheia, ele passa por cima da lei, obriga seus funcionários a baterem o cartão de saída e voltarem para o trabalho. Afinal, o cavaleiro é a lei!
Ele pergunta se você tem planos no final de semana pela simples intenção de acabar com eles ou estragá-los. Te pressiona, te liga nos mais diversos horários, não quer saber de seus problemas, te deixa com fome, restringe sua vida. Não percebe que uma hora a mais de trabalho é uma hora a menos daquilo que você tem de mais importante na vida. Usa como desculpa a organização, mas como? Se a organização tem outros valores e faz um discurso completamente diferente?
Ao encontrar com esse tipo de cavaleiro, o resultado é que seu cachorro passa a não te reconhecer mais, seu filho te chama de tio, sua esposa passa a desconfiar de você, seus amigos sentem sua falta, sua vida vai passando e tudo ao redor também... Sim, a cavalgada do cavalo preto afeta direta ou indiretamente todo mundo.

“... e eu vi, e eis um cavalo descorado; e o que estava sentado nele tinha o nome de Morte. E o Hades seguia-o de perto. E foi-lhe dada autoridade sobre a quarta parte da terra, para matar com uma longa espada, e com escassez de víveres, e com praga mortífera, e pelas feras da terra...”
A “morte” cavalga o cavalo descorado, e a “praga mortífera do downsizing”, da demissão desrespeitosa, do assédio moral, são apenas uma das várias maneiras em que a vida profissional de muita gente está sendo tragada durante a cavalgada deste cavaleiro.
O assédio moral, o assédio sexual, o desrespeito, matam! São situações muito piores do que uma demissão propriamente dita. A pessoa que sofre tais abusos perde a auto-estima, perde o amor próprio e pode até mesmo perder a vontade de viver. Depressão!
E como são situações comuns no dia-a-dia. Seja na simples criação de um apelido até uma tentativa de agarrar alguém à força no elevador... ou da humilhação em público ao convite inesperados e sem escrúpulos via SMS...
Liberdade exagerada, falta de educação, poder nas mãos erradas.
Felizmente muitas organizações estão tendo bom êxito em coibir atitudes como essas. Estão agindo severamente aos casos relatados. Felizmente! Mas mesmo assim, ainda tem muito cavaleiro descorado solto por aí.

“... e eu vi, e eis um cavalo branco; e o que estava sentado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo e para completar a sua vitória...”
Na aula de Gestão de Pessoas, que você matava, aprende-se que é papel do líder é administrar conflitos e tomar decisões, sendo o líder aquele que forma pessoas e que se preocupa pessoalmente com seus “seguidores”.
O professor afirmou que as nossas relações como líder dentro da empresa devem ser sempre muito profissionais e que devemos definir claramente qual é o papel de cada funcionário.
O poder do líder está em servir em não aparecer e fazer com que a equipe desenvolva o seu trabalho.
“O pior líder é aquele que odiamos, depois vem aquele que tememos, em seguida, o que idolatramos. Mas o bom líder é aquele que, depois de terminada e completada sua tarefa, todos dizem: fomos nós que realizamos essa obra. O melhor líder é aquele que as pessoas mal percebem sua presença.” (Lau Tai)
O líder deve sempre delegar tarefas, dar chance de o funcionário crescer, fazê-lo descobrir o seu valor pessoal e o seu valor dentro da empresa.
As pessoas querem crescer, querem ser vistas, respeitadas, reconhecidas e serem ouvidas, e que o salário de um funcionário não é um fator motivacional, é fundamental!!!
Isso mesmo! Não só de notícias ruins vive o mundo corporativo. Você pode ter a chance de encontrar o cavaleiro branco e aprender com ele o que significa uma boa gestão de pessoas. Mas não espere isso de engenheiros!!!! Nem sempre, quando se trata de gente, 2+2 é 4!
Dá prazer trabalhar quando se encontra um ambiente com ética e num grupo que é reflexo de um líder assim.
Resultados para as organizações, todos podem dar, mas a que preço? E os fins? Sempre justificam os meios?

Claro que o verdadeiro significado dessas criaturas simbólicas (encontradas no livro bíblico de apocalipse) é completamente diferente do que o texto acima se refere. Apenas fiz uma tentativa de analogia, comparando-as às situações que ocorrem no dia-a-dia das organizações.

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