8.6.10

O Ponto Cego dos Relacionamentos

Você é cego(a)! E trata-se de uma cegueira que parece uma prisão com horizontes tão amplos, que você nem sequer desconfia de seus limites. E isso é sério! Não vemos as coisas justamente por achamos que temos experiência de ter visto e sentido tudo.
Nossa realidade distorcida parece 100% completa, mas estamos totalmente enganados. Temos conselho, visões, opiniões para dar e vender sobre tudo e sobre todos. Sobre relacionamentos e sobre coisas. Mas somos cegos! Por completo!
Você acha que conhece seu parceiro (a)? Conhece mesmo? Acha que sabe 100% do que se passa a sua volta e o quão integral é sua realidade? Acredita mesmo nos que seus olhos podem ver?
Desculpe, mas sabia que qualquer outro ser do planeta (seu amigo, um africano, um cachorro, seu chefe ou algum ex-namorado) vai enxergar o que você vê de uma forma completamente diferente. Terá uma percepção diferente. E isso prova que o que você vê, não trata-se da verdade absoluta.
Isso acontece em todos os campos da vida, mas é muito mais importante quando falamos de relacionamentos.
O que você vê quando olha para sua esposa ou para seu namorado?
Simples: o outro nos parece 100% como a identidade que foi construída tempo a tempo pela relação. Uma identidade que é diferente para outros. Um pai vê o amigo do filho como um filho. Seu filho por sua vez vê esse amigo apenas como amigo, e a professora vê os dois apenas como alunos.
Olha aí o tremendo ponto cego. Numa relação não olhamos para a mulher, mas pelo que construímos na relação com ela, nas percepções diárias. Se uma relação surge como um namoro, ela passa a ser nossa namorada, não apenas como uma imagem mental, mas como um corpo, como um ser-humano e passa a ser tratada apenas como namorada. Seguimos então um padrão de comportamento comum sobre o que seria um namoro e sobre o que fazer com uma namorada.
E essa cegueira toda, serve para nós como uma proteção, afinal lembrar que nossa namorada é uma mulher implica em admitir a possibilidade existente de que ela seja desejada e possa sentir desejo por outros, de que ela se transforme em namorada de outro. Por isso é muito comum você ver alguns amigos ou amigas dizendo que “não, ele(a) nunca faria uma coisa dessas!”. Tem certeza?
Nos relacionamos com seres humanos. Pessoas. Mas ficamos por trás do muro seguro da falsa identidade criada por nossa cegueira. Não procuramos invadir o ser para descobrir qual a verdade. Por trás da paixão, ignoramos os defeitos que outros enxergam. Projetamos um rótulo e vive-se levado pelo que é considerado normal. Lembre-se que qualquer relação com qualquer pessoa, não abraça 100% do seu ser (e nem deveria). Se apaixonar, amar, se relacionar é um esforço diário de conhecimento mútuo. Não existe a palavra relaxamento dentro de uma relação. Você nunca pode ficar satisfeito com o que acha que conhece e deve perseguir, se interessar, participar, mergulhar no ser humano que está com você. Na verdade, a profundidade de uma relação aumenta apenas pelo processo de não congelar e de sempre avançar mais um pouco para dentro um do outro A não ser é claro, que você queira que sua relação afunde. Mas aí é outra história.... voltarei nesse assunto.

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