18.8.12

A Maior Mentira é a Calma Aparente

Por mais que esteja escrito na testa, muitas vezes é sozinho. Por mais que chame atenção, é só com você. Por mais que queira correr, é enfrentando. Arraste a fumaça da ansiedade pelos cômodos, pinte as paredes de preocupações. Por mais que fale, é só sua vida. 
Caminhe pelo longo corredor ecoando perguntas que ninguém responde. Arraste os móveis do medo e das incertezas. Tenha diálogos imaginários. Suponha finais felizes. 
Por mais que escute, não é sobre você. Por mais que seja interessante, não interessa. 
Explique motivos, exponha razões e arranque a verdade. Por mais que acredite, não acontece. Por mais que espere, não tem ajuda. 
Porque não é falar para pegar emprestado, é dar de presente. Porque não é ligar para saber o que aconteceu, mas estar junto, chorar junto, lamentar junto. Por que não é perguntar, mas se preocupar.
Não é ouvir por ouvir, é ouvir para agir. Não é apenas saber da notícia, lamentar e trocar de canal, de assunto. Delírio. Espere por possibilidades. Apenas poucas e suficientes possibilidades... 
Porque às vezes a vida nos permite escutar um passo, ao meio do silêncio, ao meio daquilo que não esperamos. Às vezes alguém murmura, te ajuda, se preocupa. Um só basta para abrir a janela da confiança. E essa pessoa, não liga, age! Não pergunta, faz! Não diz, estende a mão. Não diz qualquer coisa me liga, qualquer coisa me avisa... 
Por mais que a casa das decepções estejam cheias, às vezes uma parede é derrubada. O medo de olhar pela janela, olhos fixo em uma tv. 
A vida é mesmo um ensaio de porquês. Fragmentos incompreensíveis, um tapete de indiretas espalhado pelo corredor da certeza. A maior mentira é a da calma aparente... 
Mas são as dificuldades que dão a polida no caráter. É a notícia ruim que abre o mapa da verdade. Por mais que não acreditemos, algumas pessoas podem ser anjos.

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