O que ele viu nela? O que ela viu nele?
Você vê a pessoal real. Eles veem uma pessoa, um parceiro idealizado, distorcido pela paixão. Eles se envolvem com essa pessoa e atribuem a ela características que não lhe pertencem. Mas só descobrirão isso no futuro. E aí as decepções serão inevitáveis. “Não são poucas as mulheres, por exemplo, que falam da decepção e do contraste entre o que sonharam a respeito do casamento e o cotidiano da vida real.”
O fato é que as decepções amorosas fazem parte mundo desde que o mundo é gente. A grande maioria das pessoas já experimentou ou experimentará momentos quase que insuportáveis relacionados a relacionamentos. Muitas dessas decepções se tornam experiências tão desagradáveis que muitas acabam se tornando até mesmo traumáticas.
Apesar de não enxergarmos isso de início, os traumas não são tão ruins assim, principalmente quando conseguimos superá-los. “Na física, o termo resiliência se refere a possibilidade de um material voltar à forma normal depois de sofrer uma deformação”. Mas para a psicologia, é a capacidade de tirar lições positivas após passar por uma experiência negativa. Por meio da resiliência, é possível reencontrar sentido na vida e ter a certeza de que se pode aprender e crescer com as experiências ruins. “A superação ocorre quando uma aliança de sofrimento e aprendizado é construída. Assim, a conclusão do processamento de um passado traumático pode libertar as pessoas para viverem no presente”. Ou seja, decepção, se não mata, ensina a viver.
As decepções amorosas vão desde às surpresas relacionadas a mudança do sentimentos do outro, o abandono, o desprezo e a indiferença até a perturbação de perceber que existem maneiras mais prazerosas de viver um relacionamento, mas que estão fora do seu alcance. Mas sem dúvida uma das maiores decepções que um ser humano pode ter é ter sido despertado para um amor irreal, de outro que não tinha a intenção a real intenção de amá-lo.
Ou seja, a decepção acontece quando a razão não fala o que sabe e o coração não enxerga o que vê.
Pessoas traumatizadas, traumatizando outros.
Encoberto pela neblina da paixão muitas vezes nos envolvemos. Encontramos uma pessoa que não conseguimos entender, mas apenas sentimos que elas valem a pena. Serão exatamente essas pessoas que nos proporcionarão os piores, mais surpreendentes e mais decepcionantes momentos da nossa vida.
Encontraremos pessoas de todos os tipos, e a chance de encontrar pessoas loucas, malucas, mal resolvidas será grande. O mundo está cheio de pessoas que vivem um inconsciente coletivo, atormentados anônimos.
Às vezes não matamos alguns malucos desses dentro de nós porque isso significaria suicídio, o sentimento se torna tão intenso que passam a se tornar a nossa vida. Passamos a amar uma decepção e provar o gosto amargo de ter de reviver sem morrer. Aí nos tornamos mortos-vivos emocionais, andando em círculos, desiludidos, abandonados, desprezados, ignorados, lutando em busca da resiliência que não dá as suas caras. O seu melhor não se torna mais suficiente...
Pensando alto, talvez só exista uma saída: cada um deve descobrir uma forma de se tornar inteiro e poder se relacionar com o outro não por necessidade, mas pelo prazer de estar perto. Não atribuir a outros o que não lhe diz respeito. Não depositar no outro a responsabilidade de lhe completar ou lhe dar a total felicidade. Não imputar ao outro a responsabilidade de lhe preencher.
Antes de tudo é necessário desenvolver a habilidade de conseguir viver bem sozinho sem depender de mais ninguém.
Estaremos sempre em busca de saídas, mas só encontraremos novos corredores nesse labirinto enlouquecido denominado amor.
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