Estamos dentro de um poço escuro, envoltos de problemas até o pescoço, a espera do resgate. Mas não acreditamos no poço, não nos vemos nele, apenas lamentamos pelo outro.
O resgate tem nome, chama-se realidade. E uma hora ou outra ela nos chama, nos mostra a verdade. E nesse momento o desânimo bate e sentimos nossa total incapacidade e descobrimos que somos todos iguais na mesma escuridão, mesma situação.
Descobrimos na carne que não somos imunes a nada, e aumenta o receio de que nos falte alguém que possa segurar nossa mão no momento de desespero e decepção.
Afinal, a vida é um amontoado de momentos que passam desapercebidos, embrulhados na embalagem do otimismo com laço de esperança, comprados ao preço de sofrimentos, arrependimentos e decepções.
No poço, falamos da vida, do tempo, batemos fotos de sorrisos, desenhamos o otimismo, planejamos. A esperança fixa na lua.
Mas a realidade muda tudo. Resgata e desembrulha.
Não somos mais crianças. Os problemas e as amarguras da vida crescem com a idade.
Mas certas coisas insistem em não crescer, certas coisas permanecem e nos jogam no poço. E lá ficamos, sem saber o que vai acontecer conosco, sem saber que somos mortais e que não vivemos mais contos de fada.
A vida acaba, a vida muda, a vida tem seu preço, a vida não depende só da gente, a vida é uma solidão com ares de falsa segurança.
Crescer é pintar um alvo no peito e esperar que mais cedo ou mais tarde alguém lhe envie uma seta.
Um garoto que não se levanta sozinho, torna-se um homem que não se levanta pra nada.
Às vezes é preciso diminuir a barulheira, parar de fazer perguntas, parar de imaginar respostas, parar de olhar para os lados e olhar para si. Aquietar um pouco a vida para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe. E ele conta. Com a calma e a clareza que tem, o que devemos fazer quanto ao nosso futuro.
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