14.5.11

Esse é o Jeito. Escrever é Dedicar para Você

Ei, eu te entendo. Sei como é difícil. Sei como machuca.
Mas esse é o jeito. Escrever é dedicar para você.
Jeito complicado, difícil, enigmático, discreto, jeito de quem sofre em silêncio. Que magoa sem querer, que sempre está presente mesmo ausente.
Jeito que não quer fazer chorar, e por isso, chora sozinho. Jeito de sentir culpa e não poder fazer o que sente vontade, padecendo no vazio. Querendo voltar e não conseguir, preenchendo com qualquer coisa aquilo que deixou-lhe um enorme buraco.
Mas esse é o jeito. Cortar o cabelo, pintar a unha, fazer e desfazer as luzes. Ligar e não saber o que dizer, dizer e usar as palavras erradas, sentir enorme saudade e a dor invisível. É perder o momento e não saber o que fazer. Olhar para os lados e saber que nunca mais será igual, viajar para postar um monte de fotos no facebook e mostrar o quanto é feliz se preenchendo de coisas sem sentido. É querer fugir, mas encontrar-se consigo mesmo nos lugares mais inimagináveis e ser lembrado a todo o tempo daquilo que deixou para traz.
Mas esse é o jeito. Jeito de continuar no vazio. Jeito de tentar se conformar.
Abandonado, alguns dias mergulha dentro de si mesmo, e outros dias procura os amigos.
Mas as músicas tocam e te fazem lembrar de quando tudo era pouco e tudo era tanto.
Mas esse é o jeito. Preencher os dias com contos intermináveis sobre as aventuras na night. Lembre-se, escrever é dedicar para você.
Era para ser para sempre. Era para ser um compromisso inigualável. Era para ser diferente. Era para ser amor. Jeito de se sentir mentirosamente apaixonado. Iludido!
Mas esse é o jeito. Aprender com a rejeição. Aprender que você não era o especial que achava, que suas ligações hoje já não fazem sentido para alguém, que você se tornou apenas mais um que teve a sua chance.
Escreve cartas, que nunca são entregues, são apenas jogadas fora. Eram cartas dedicadas a você. Elas não teriam efeito, não teriam importância.
Aí você se apega a gritar, fazer coisas ridículas e se achar incrível por ter enchido a cara ou ter atravessado a faixa de pedestres fazendo zona no meio da madrugada. E depois, cai no choro. No anonimato e invisível, esse é o jeito.
É imaginar milhares de coisas que poderiam ter acontecido e lembrar dos detalhes que, de verdade, nunca foram seus. Escrever é dedicar para você que desistiu do que foi feito sob medida para você.
Sabe, o trabalho, a família, o dinheiro, a saúde são ideais que nunca vão existir perfeitamente ao mesmo tempo. Mas o amor de verdade meu amigo, é uma vez, e sem saber, você joga fora. Esse é o seu jeito.
E saber das coisas dói. Saber o que te falta é o que te faz muitas vezes querer estar no lugar de alguém. Desejar que o feliz seja infeliz como você.
Mas, sabe, uma hora você diz chega. Chega disso porque talvez não seremos completos nunca.
Tivemos a chance e passou. Chega de chorar. Talvez seja a hora de curtir a sua fossa eterna e se contentar apenas com a vontade e o desejo. Chega! Escrever é dedicar à você coragem.
Coragem pra se descolar dessa muleta. Coragem pra desapegar daquele trabalho, daquele dinheiro, da saudade do seu amor verdadeiro e do beijo que você nunca esqueceu. Esse parece ser o jeito.

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