30.3.11

Potencializando Acidentes Efêmeros

O começo que qualquer relacionamento pode ser comparado ao nascimento de uma nova identidade. Uma soma de duas pessoas que se fundem e formam uma só imagem, com todo um modo de ser, uma linguagem, um olhar, um mundo inteiro construído a dois. O contrário também é verdade. O final do relacionamento significa a morte dessa identidade. O problema é que com o fim, o mundo desmorona. Falta ar, perdemos peso, perdemos o sono, nos culpamos, ficamos sem energia, choramos, ficamos perturbados.

Todo mundo sabe como é a dor de querer abraçar alguém e não poder mais... Ao perdermos essa identidade junto do outro, tem-se a necessidade do renascimento, que às vezes pode levar muito tempo. Tornamos-nos como uma pessoa sem sombra. Mas sabe o que penso? Que não sofremos tanto porque o outro não nos ama mais, nos traiu ou abandonou, mas é porque nos sentimos incapazes de amar e se relacionar com outra pessoa novamente. Questão de auto-estima... Achamos que somos incapazes de ter que criar um outro mundo totalmente do zero novamente. Sofremos por preguiça de ter que conhecer uma nova família, novos gostos, um novo eu e você. Agora, acredite, assim que essa capacidade de amar e se relacionar retorna, o sofrimento acaba! Quando o relacionamento acaba, saí-se correndo atrás do outro, liga, manda torpedo, manda carta, tenta chamar atenção, dizemos que nos arrependemos, que queremos outra chance, ou seja buscamos potencializar outro acidente efêmero. Mas o objetivo disso tudo, no fundo, não é que queremos o outro de volta, não queremos resgatar o seu amor. Não é bem isso que desejamos voltar a possuir. Nós saímos correndo atrás de nossa identidade decepada, dos sonhos interrompidos, do prazer obstruído, da nossa própria sombra que o outro projetava, da nossa pele, do que surgia em nós quando o outro estava por perto. Saímos correndo atrás de nós mesmos e dos nossos sentimentos que não existem mais! Até porque, quando acaba, a pessoa vira passado, e certas pessoas que estão no passado têm boas razões pra continuar por lá, lembre-se disso. Outra coisa bem relevante relacionado a essa assunto e que não posso me esquecer de dizer é: Não é me separando que você consegue esquecer um amor, mas só vai esquecê-lo completamente dentro da própria relação, esgotando todas as possibilidades. Essa é a melhor maneira! Deixar o amor morrer por si só ao ver todas as incompatibilidades... Bem, mas você já terminou, já acabou, já deu PT. O que fazer? Um dos melhores caminhos é focar em estabelecer uma nova vida cheia de experiências positivas. Sei lá, procure passar tempo sozinho, reveja seu direcionamento na vida. Vá fazer dança de salão, se reúna com a família mais regularmente, se envolva com projetos de vida diferentes, faça coisas que antes a prisão do relacionamento ruim não lhe deixava aproveitar. Outro lance fundamental é ativar o corpo. Correr, malhar, cuidar da saúde, fazer trabalhos voluntários e ir à Igreja. É no corpo que a vida acontece! A chave para superar a sensação de abandono é se oferecer ao mundo, beneficiando o máximo de pessoas possíveis em ações positivas, legais. “Muitas mulheres buscam desesperadas o amor, não importando se a relação amorosa é insatisfatória. Acreditam que qualquer coisa é melhor do que ficar sozinha.” (Regina Navarro) Se você se envolver com outros por carência, vai continuar carente, mesmo depois de passar 30 noites com parceiros diferentes potencializando acidentes efêmeros em todas as baladas da cidade. Mas se você se mover com liberdade e autonomia, se começar a oferecer experiências aos outros, uma noite ou um dia será suficiente para deixá-la(o) feliz ao ver felicidade nos olhos dos outros. É esse o tipo de felicidade que satisfaz: a que causamos nos outros, não a que recebemos.

E quando você menos esperar, seu corpo vai lhe trazer o recado de que você está novamente pronto para um novo amor.

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