1.1.11

Coincidência. Providência. Destino. Causalidade

Subiu na sua bicicleta. Não era uma bicicleta normal. Tinha uma enorme hélice parecida com o que os helicópteros têm.
Você pedala e a hélice gira, você sai do chão. Você voa, uma sensação incrível, e lá do alto, não vê ninguém, só nuvens.
E o esforço é grande para se manter no alto, você se cansa e a bicicleta é desconhecida.
De repente você começa a perder altitude, suas pernas não aguentam, e voando mais baixo vê uma paisagem composta de um rio cuja margem é areia de praia.
Olhando com mais calma você vê que a margem do rio está cheia de cachorrinhos de cabeça grande, peludos, olhos grandes mas que não latem. Cabeçudos e observadores.
Você cai com a bicicleta. Os cachorrinhos te avançam.
E eis que surge uma mulher. Você não consegue identificá-la, só percebe que ela usa saia.
Mas ela não te ajuda, ela corre e se joga dentro do rio para te mostrar como se faz para escapar. Você enquanto corre, a vê se jogando de cabeça no rio e os cachorrinhos todos derretendo ao entrar nas águas tentando acompanhá-la.
Não se trata de um rio normal. É um rio todo cinza, cremoso. A mulher se jogou e o aguardava em meio àquelas águas.
Pulou! Aparentemente a salvo naquele sorvete de cimento. Quanto engano!
Os dois começam a escutar um barulho estranho como que de um chocalho de uma cobra. Um barulho que causa medo... de algo desconhecido dentro de um mar estranho.
De repente, abre-se um buraco no meio do rio cinza e engole a mulher de saia.
Ele tenta pular junto, mas não consegue, não foi engolido.
Ficou a mercê da solidão, do perigo, do terrorismo psicológico e à vista de cachorros cabeçudos mal encarados.
Perigos na margem e um oceano cinza e impessoal como futuro.
Onde alguns vêem coincidência, eu vejo providência. Onde alguns vêem destino eu vejo causa e efeito.

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