28.11.10

Coloque o Monstro para Dormir

A incerteza e o medo do desconhecido são personificados na figura de um monstro. Mas nem sempre somos culpados por nossa metamorfose.

Muitas vezes na vida, somos obrigados a segurar um monstro que não se sabe ao certo o tamanho de sua força. E durante esse processo de escondê-lo, sempre surge um sentimento de fracasso, de impossibilidade, de derrota. Sentimento de expectativas não atendidas, tédio e muitas dúvidas.
Gastamos nossas energias mais íntimas, num esforço tremendo para manter as aparências, para manter a alegria, o time lutando. Mas nossas forças são escassas.
Tudo, eu disse tudo o que as pessoas falam, pregam, e dizem sobre como se levar a vida, é mentira.
Ninguém será capaz de te entender por completo, ninguém te dará o valor que acha que deveria ter, ninguém se preocupa exatamente com você e como você é. Elas não querem ver o monstro!
E assim, dia após dia, de repente você está lá. No centro de várias regras sociais por outros impostas, cumprindo deveres e obrigações inúteis, sozinho com seu monstro.
Não pode falar o que pensa. Muito menos fazer o que pensa... Experimente e experimente a inquisição.
O mundo te quer assim, usado, maltratado, sem valor, sempre em segundo plano. Você enxerga, tem olhos, sente, deseja e não pode. O-BE-DE-ÇA e fica tudo bem.
Você se torna prisioneiro da vida que escolhe e não consegue libertar os mais íntimos e profundos pensamentos e desejos. Seu monstro tem de ficar dormindo...
Teu mundo te faz ter uma vida moldada a tudo, a todos, ao que dizem ser certo.
Você está enganado. Seu monstro não dorme, ele apenas finge esperando a hora certa.
Talvez a solução seria não falar, não transparecer, não pensar, não sentir, não viver. Seria mais fácil. Os homens bons são sempre deixados de lado. Os maus fazem mais sucesso!
E seu monstro está lá. A consciência de que sua vida passa, que os segundos estão correndo e estão te deixando loucos no meio na noite.
Mas seguimos em frente na busca pelo que é difícil. Não podemos mudar, não podemos interagir, não podemos tocar e não somos tocados. O monstro te faz pecador.
Somos agredidos o tempo todo, enganados, tolerando em prol de algo que não sabemos o que é ao certo.
O nosso mundo idealizado vai por água abaixo todos os dias. As máscaras caem e os hormônios te torturam.
Uma bola de neve que se apresenta. Pequenas atitudes, uma atrás da outra, pequenas desculpas, pequenos gestos, problemas, observações vão se mostrando reveladores da verdade.
A verdade de que todos estamos enganados e que somos idiotas. A nossa vida é um grande filme onde todo mundo sabe que o protagonista vai morrer no final.
Sem escolhas, sem aparências, sem forças para segurar o castelo de cristal. Esforço em vão. Até quando conseguirá segurar o monstro?
Agonia, angústia, ansiedade, pesadelos. Sem motivos e forças para falar, eu me calo.
Apenas aguente. Mudar é pecar. Mantenha suas aparências. Coloque o monstro para domir.
Nos fortalecemos na fase de concordar com tudo, de pedir desculpa, de tentar passar por alto, de tentar não olhar para trás e não olhar para os lados.
Sozinhos! Não servimos mais nem para elogiar e nem para reconhecer. Também, mal somos vistos.
Ineficientes, caretas, reclamões, idosos, covardes, errados, imbecis, idiotas, essa é a cara do monstro.
Acordar por acordar, fazer por fazer, viver por viver, concordar para não se incomodar. Eis a receita do nosso real fracasso.
Somos todos fracassados. Não somos preparados para aguentar tanta hipocrisia, ciúme, selvageria, regras, calúnias, invejas, mentiras. Quantas mentiras... de todos os lados, formas, vidas e tamanhos.
Uma vida de mentiras que desperta o monstro, que o alimenta, que dá vida enquanto aos poucos você morre.
Os segredos continuam passando, sua raiva continua, o fracasso lhe vem a mente enquanto você deseja muito utilizar as próprias mãos.
Você, eu e nosso monstro. Negociando com demônios, tentando dormir esperando o dia em que não se machuque mais. E pelo que parece esse dia nunca virá.
O passado já foi feito e o futuro é a morte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário