2.10.10

Viagens com Volta Marcada

Pessoas em fuga. Pessoas que viajam e que postam suas fotos. Pessoas estressadas, cansadas da rotina, cansadas dos mesmos rostos e lugares, e que viajam na maioria das vezes para ficar longe da própria vida.
Se viajam para fugir da rotina, não significa isso então que a sua rotina está ruim? Se a vida é a rotina, então não significa isso que a vida está ruim? Porque então não mudar a sua vida, sua rotina?

“Não é porque o asno viaja que ele volta um corcel.” (Thomas Fuller)
Pessoas que sentem necessidade e viajam. Viajam para ficar dias e dias longe da sua casa, seus pertences, sua família, seus bichos, suas referências, sua cultura.
Fuga! Fugir do trabalho, dos números de telefone, dos filhos (quando possível), dos pais, do cônjuge, da vida que vive.
Viajar pode significar diferentes coisas para diferentes pessoas, mas uma coisa é comum a todas elas: ninguém sabe bem ao certo porque viaja. Mas todas elas sabem que quem viaja pode mentir com impunidade. Afinal, a sensação de liberdade, de poder, de não estar sendo vigiado, de fazer o que quiser e ser livre é extremamente tentador. Ou seja, mais um sentimento egoísta!

“Viajar não é necessário, a não ser para as imaginações limitadas.” (Colette)
E porque viajamos? Porque, muitas vezes, mal terminamos uma viagem e já nos pegamos pensando em outra? Por que frequentemente fazemos isso até mesmo ainda durante uma viagem? E por que diversas vezes escondemos aquele sentimento de que não valeu a pena?
O Garoto Antipático não entende perfeitamente o que move as pessoas a viajar. Por que viajam tanto? Viajam por desejo? Por concessão? Por doação? Viajam para concordar? Para discordar? Por admitir, aceitar, conferir, transferir, confirmar, ver e rever? Para comer, sentir, ouvir, namorar, comemorar? Para esquecer, lembrar, fugir, descansar, fotografar? Ou talvez para ter o que falar, para ser motivo de inveja? Ah! É para se tornar alguém melhor? Balela...

“Os homens viajam, as mulheres têm amantes.” (André Malraux)
A viagem é uma sequência de desaparecimentos irreparáveis antes, durante e depois. E o Garoto Antipático continua sem entender o desejo, a necessidade inconsciente pela fuga que as pessoas tem...
Viagens cansam, desgastam, preenchem, sugam, esgotam. Viagens requerem muita atividade física e intelectual. Sempre será risco de vida!
Viagens custam caro, seja em tempo ou em dinheiro. Frequentemente, ambos. E tempo para as coisas mais importantes ninguém tem, não é?
O Garoto Antipático observa pessoas elogiando lugares, paisagens, ruas e avenidas. Mas se pergunta: Se gostaram tanto, porque não ficam lá? Por que não vivem lá? Qual a graça em ter algo que supostamente é tão bom apenas por alguns instantes ou futuramente só por imagens? Se é legal, porque as pessoas voltam? Ruas e prédios são sempre iguais e desvalorizar o que se tem também. Pessoas fogem frequentemente e não dão valor ao que está ao seu redor.

Quando se conclui que a vida é inútil, apela-se para o suicídio, para as drogas ou para as viagens.” (Edward Dahlberg).
E você, por que viaja ou tem vontade de viajar? Motivo ou necessidade?

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