29.10.15

Estradas Infinitas e Poeiras Varridas

Tem gente que quer dizer, mas não é bem vinda e é obrigada a guardar tudo para si. Tem gente que é incansável e continua abrindo caminhos infinitos esperando encontrar alguém no fim de um deles, mas só encontra caminhos vazios. Tem gente que encontra infinitas possibilidades de declarar, mas vive na ignorância.
Tem gente que não perde as esperanças, engole e finge. Pisa em cacos dizendo que não dói, colocando curativos por cima de tudo sem nem mesmo tirar os pedaços, sem mesmo saber que não tem cura. Tem gente que esconde, mas isso não funciona mais.
Tem gente cansada de não se deixar ouvir. Tem gente que tem atrás de si um enorme caminho com poeiras varridas.
Tem gente que já escondeu o máximo que pode, só que até as suas falsas aceitações de que está tudo bem, não preenchem mais.
Tem gente que insiste, passando a vida encarando a incerteza e se perguntando se vale mesmo todo esse sufoco.
Tem gente que chora antes de abrir a boca e engasgada assim não convence ninguém de que nem tudo é sentimento, mas que também há razão em querer sentir.
Tem gente que dá todos os sinais e mostra diversas vezes que o breve não basta. Tem gente que quer dizer, mas escuta um “depois a gente fala”. Mas o depois nunca chega e não consegue mais esperar. Tem gente que não tem mais tempo para dizer. 
Tem gente que sente muito por alguém ter sentido tão pouco. E que dessa vez será ela quem não vai estar no final de qualquer destino quando você chegar.
Tem gente sem mais saco para competir com o nada, com as neuras, medos, insanidades ou traumas. Com pressa em sair da paranoia do outro. Terminando dizendo que sente muito, só que dessa vez não sente por si, sente muito por você.

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