Deixe ela lá, entre
o dito e não dito, entre a certeza da dúvida e a dúvida da certeza.
Deixe ela lá,
intocável, imortalizada, idealizada, imóvel, enraizada.
Deixe ela lá, no seu
mais espetacular talk show no mudo.
Deixe ela lá, não
estrague o milagre dessa conexão impossível.
Deixe ela lá,
escondida, em secreto, no poço fundo do desejo.
Deixe ela lá,
compreendida, fabulosa, perfeita,aprisionada no cativeiro das expectativas, da vontade e do fascínio.
Deixe ela lá, no
ideal, no colorido, naquele mundo que só você criou com ela e para ela.
Deixe ela lá, no que
não foi.
Deixe ela lá, ali
não tem repreensão, castigo, censura ou julgamento.
Deixe ela lá, não a
acorde, não acorde.
Deixe ela lá, tudo é
mais fácil e bonito nesse pequeno universo paralelo.
Deixe ela lá em meio a beleza das flores, em meio a poesias de sol se pondo.
Deixe ela lá, porque
já não faz parte, porque já não há lugar, porque não há mais tempo, porque não
há mais espaço. Porque não faz sentido, porque não há segurança.
Deixe ela lá, pela
vontade de esquecer. Por dias de paz, por dias que simplesmente amanheçam.
Deixe ela lá, ali
ela não te prende, ata ou congela.
Deixe ela lá, ali
não tem nada instável, supérfluo, muitos talvez e tanto faz. Ali não tem nada
mediano, incompleto e conformado.
Deixe ela lá. Ali
tem jogos, apostas, diversão. Não tem sobriedade, equilíbrio ou razão.
Deixe ela lá,
mergulhada na crença vã e da fé de que tudo vai dar certo.
Deixe ela lá, sem a
cobertura da moral e dos bons costumes, do politicamente correto e da
politicagem vazia.
Deixe ela lá, ali
tem reciprocidade, tato, gosto do gostar.
Deixe ela lá, no
limite da existência e da coerência.
Deixe ela lá. Seu
mundo e o mundo dela dependem disso.
Deixe ela lá.
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