14.10.11

Ninguém sabe Lidar quando o Outro não Sabe

Você cuidou. O outro não.
No seu ponto de vista, cuidar tinha muitos significados. Não era só preservar, deixar bonito, não gastar. Para você era um acordo de reciprocidade, de que aquilo nunca acabaria.
Você aguentou a saudade que o outro não tinha, acreditou em sorrisos e palavras doces, mas estes eram só o espelho da despedida. O outro foi.
Você cuidou com o que prometia. O outro não. Evitou dizer coisas, porque tudo o que é muito combinado, planejado e muito definitivo, perde a sua graça e deixa de lado a naturalidade.
Você cobrou. O outro não. Tiveram discussões. Procurou-se motivos que não existiam. O outro deu explicações que não precisava. E todo aquele sonho, aquela música, aquela poesia, feitos sob a mais forte influência da paixão, esses não existem mais. Não tem mais porque só você cuidou. E se quebrou na partida.
Quando quebra, perde o encanto. Fica feio, estranho, deformado, estragado e rejeitado. Repulsa e fuga! 
Você cuidou porque era frágil, suave. Mas hoje está quebrado, trincado em pequenos e perdidos pedaços. Colar não vale o esforço. Rachaduras não somem, apenas mostram a realidade do erro.
O outro não percebeu que era leve. Fez pouco caso. E você ficava reclamando da saudade fazendo piadas com a ausência e curtindo cada reencontro...
Ninguém sabe lidar quando o outro não sabe. O problema é que nunca achamos que precisamos saber e muito menos achamos que o outro deve saber. Cada um para um lado. Cada pedaço ao seu lugar. E hoje ninguém cuida mais da saudade.
Ninguém disposto a se permitir cuidar de alguém e proteger se for preciso. Todos procurando alguma química, que existe, mas um dia acaba em cacos.
Foi enquanto se teve, iria continuar sendo, caso estivesse...
Você cuidou. Era bonito. Era teu. Espatifou.

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