30.9.11

A Pior Solidão é Aquela que Achamos que não Temos

“Abençoados os corações flexíveis, pois nunca serão partidos”. (Albert Camus)

Se corações não se partem, não se curam. Se não houve cura, não houve aprendizado. Se não teve aprendizado, não teve esforço para se concertar a situação. Concertar as coisas é parte da vida. Então, será que todos os corações precisam ser um dia partidos?
Somos todos aterrorizados pela solidão. Atitudes incompreendidas, certo grau de indiferença, agressividade e desdenho só escondem a nossa urgência em ser amado por alguém que ofereça proteção e segurança.
O primeiro passo para um coração partido é depender dos olhos do outro para enxergar-se. Achar que a vida só tem sentido se houver amor e se desesperar em encontra-lo logo.
A ansiedade e falta de critérios tem empurram para dentro da areia movediça do romantismo e da idealização. Na rejeição de primeira ou na aceitação e na descoberta do outro depois, amar se tornará o convívio com uma dor aguda e contínua quando feito deixando-se de lado a razão.
Uma dor que precisa da cura. E beber, se dopar, não será o remédio. O remédio é reconhecer que, ao contrário do que se pensa, você não vive hoje algo tão especial a ponto de não ser compreendido por mais ninguém. É saber que se algo te incomoda na sua relação, incomoda por que é ruim.
A pior solidão é aquela que achamos que não temos. As inúmeras brigas, as idas e vindas, a situação de se parecer como cão sem dono, isto é solidão, companhia que dilacera sua alto-estima, seu ser, sua essência. Almas delicadas não calejam com as dores. Ao contrário, tornam-se mais fracas. Viver algo de aparência e engano, só lhe tira a possibilidade de viver um amor intenso de fato. Essas almas, acompanhadas, entregam-se ao suicídio cotidiano travestido de diversão. Tomam o coquetel de anestesia temporária.
O tempo passa... Precisamos é de força para mudar e encarar o que acontece. Sair de cabeça erguida, acreditando que algo mágico pode se tornar realidade ao se libertar da prisão emocional. Pois nunca sabemos de onde o próximo milagre pode vir, o próximo sorriso, o próximo desejo tornado realidade. Acreditar que o improvável esta bem ali na esquina e abrir nosso coração e mente para essa possibilidade, para essa certeza, é o que nos salva de dar o último suspiro na areia movediça.
O mundo é cheio de magica e nós apenas precisamos acreditar nela.

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