Amor, relacionamentos, memórias e esquecimentos.
Eles lutam para preservar ao menos algumas memórias de seu amor.
Tudo começou ao primeiro encontro. Encontraram-se e se reconheceram em suas diferenças. Nenhum dos dois estava adaptado àquele lugar.
Esse é o primeiro fator de atração entre duas pessoas: a possibilidade de reconhecer no outro algo que é igual e diferente ao mesmo tempo.
A partir daí começaram a construção de um relacionamento em suas próprias mentes e memórias. O que eram de verdade estava soterrado em seu íntimo por inúmeras razões. Era necessário o outro para despertar neles o seu melhor e o seu pior.
Eles estavam próximos, na fase da paixão, e esta proximidade trazia a ilusão do encantamento, período em que a diferença os encantava e os desafiava.
Mas, com o tempo, esta mesma diferença trouxe a frustração, o cansaço e o incômodo a ponto de não se suportarem mais. Claro, isto não necessariamente significará perda de amor instantaneamente, mas o incômodo, porque as coisas não são como desejariam que fossem, e surgirá uma revolta decorrente de uma desilusão, de uma idealização que se fez do outro.
O outro, portanto, passa a se mostrar uma pessoa mimada, irritante, orgulhosa, que não sabe ouvir, interesseira, que se aproxima dos demais apenas para obter vantagens, que precisa de amigos por perto ao tempo todo porque não se agüenta sozinha, que só fala de si mesmo, arrogante, irresponsável, o único dono da verdade e assim vai...
Alguém com medo de crescer em busca de diversão de adolescente.
Um relacionamento onde não existia o sentimento do amor entre eles, mas era apenas um atendimento de suas necessidades psicológicas, sociais e neuróticas.
É nesse ponto que o relacionamento termina, onde as mágoas os distanciam a tal ponto de perderem o caminho de volta. Cada um de um lado, começa-se então o processo voluntário da extinção das memórias indesejadas.
O problema é que todo o esquecido, o suprimido, o guardado, permanece de alguma forma atuando como espécie de imã inconsciente, motiva ações inexplicáveis das quais não conseguem se afastar.
Mesmo procurando esquecer o passado e detonar suas lembranças, eles são atraídos para os mesmos tipos de pessoas e pelo que elas potencialmente despertam neles.
Nestas horas relembrar os bons momentos os ajudará a esquecer, já que a desilusão só mostrará os momentos ruins. Aceitar o bom e o ruim, como partes integrantes de uma mesma situação e relacionamento, permite valorizar o sentimento e retornar a uma nova relação em uma direção mais madura sobre novas bases emocionais. Sem essa aceitação, todo o futuro poderá ser prejudicado.
Para que essa nova relação perdure, deverá existir algo mais do que apenas atração, mas sim um conjunto de neuroses e situações emocionais inacabadas de suas histórias pessoais que precisam ser resolvidas. Afinal, amar é perder e aceitar um novo outro cada dia, pois o futuro flerta com o passado a fim de trair seu presente.
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