23.4.11

A Despedida só é Boa para Quem Vai


As mãos já não se encostam mais. O olhar já não tem mais brilho. Os esbarrões não tem mais aquele efeito provocador. Não existe mais faísca.
O prazer da companhia deu lugar ao desconforto e à escolha das palavras. É um que se foi...
Existe conversa, mas o tom é de despedida. Os assuntos não são mais os dois, mas os planos de quem foi. O interesse não é mais no outro, mas sim mostrar ser outro.
As horas que passam não são mais lamentadas, hoje os minutos de atraso é que passam a ser mais importantes. O ir ficou melhor do que o encontrar.
A paixão dá lugar à obrigação, e o que antes era desejo e vontade torna-se bate-papo de irmão. É um que se foi...
A despedida não acontece de repente, é um processo que começa aos poucos, aos encontros e desencontros. A partida começa quando um quer e o outro não pode, quando o outro pode e o um não quer.
As pessoas certas sempre aparecerão nas horas erradas, e mais do que idéias contrárias, são os interesses que separarão as pessoas.
Acabou a magia, o que antes era fácil de perceber, agora se tornou sombrio, frio. Não se reconhecem mais aos olhares de quem estavam apaixonados em ver.
O mistério perdeu a graça, passou-se muito tempo e um não conseguiu descobrir o outro. Cansaram-se.
A angústia da espera se tornou a angústia de ver a partida. A esperança do encontro se transformou na esperança de não sentir de novo.
O que antes era simples empecilho, hoje é a pequena desculpa que se precisava, para, partir!
O que era novo e encantador hoje é novo e assustador. Uma nova realidade na fantasia dos dois. Um sofrimento que se transforma, mas que não deixa de ser sofrimento. É um que se foi... Que desistiu, que se cansou, que fantasiou demais, que chorou demais, que sentiu demais, que se apaixonou demais, mas que não amou demais.
Partiu para um novo começo, uma nova fase, uma nova busca. Se despediu, deixou lembranças, e foi em busca de um novo encontro. Enxugou as lágrimas, colocou na mala um coração machucado, um orgulho ferido, jogou fora as dúvidas, fez planos, desprezou quem tanto lhe amou, e saiu.
Não se lembra qual o beijo da despedida, porque nunca teve um beijo de despedida. Ainda assim, não se lembra mais do gosto e não sente mais sua falta. É um que se foi para sempre e que nunca mais será igual.
A despedida é boa para quem vai e se transforma, mas terrível para quem fica parado na estação do tempo, esperando quem ama e que nunca mais vai voltar.

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