4.10.08

A PRAIA

Uma das mais antigas fantasias da humanidade: a descoberta de um paraíso na terra que não seja onde se mora, onde se vive.
A busca de um lugar onde uma sociedade conviva com sol, mar, sexo, "ervas" e o mínimo de responsabilidade e atividades extra-lazer apenas para manter a auto-suficiência....
A busca constante por uma estância turística para as pessoas que não gostam de estâncias turísticas. Esse é o cenário principal do genial filme A Praia (se ainda não viu, não deixe de assitir).
A busca pelo lugar perfeito...
O problema é que mesmo na Praia, a sociedade alternativa que lá vivia, não podia interferir com a vizinhança armada cultivadora de drogas, os chamados Kalashnikovs. Breve sinal dos nossos tempos, onde nem mesmo este paraíso seria totalmente perfeito.
A praia é, sem dúvida, um dos melhores e mais inteligentes filmes dos últimos anos.
Frases de impacto, trilha sonora e cenário impecáveis, história empolgante e cheia de significado.
Interessante notar que no decorrer do filme, apesar de pensarem ao contrário, os personagens que julgam ter encontrado o paraíso terrestre (Xangri-lá riponga) não conseguem perceber que o hedonismo, o consumo, a libertinagem e a diversão a todo custo impedem qualquer ideal de harmonia dentro se sua sociedade alternativa. Perfeito!
Também, através do personagem Richard (Di Caprio) compreendemos que o inferno está mesmo é na alma do homem contemporâneo, e que onde quer que se vá, não haverá como se livrar das regras, dos costumes e das imposições da sociedade. De uma forma exagerada, o egoísmo, a neurose e a incapacidade de ver o outro em sua individualidade, mostram o galã, o herói romântico, aventureiro e passional, cheio de medos, desejos e pensamentos obscuros, como todos nós!
Assim o paraíso começa a se desenhar como não sendo um local, uma praia, um outro país ou outra cidade, mas sim um estado de espírito. O paraíso pode sim ser aqui mesmo!
Medos, desejos errados e pensamentos inquietantes não aparecem nos comerciais de TV ou nas propagandas das empresas de viagens. E eles nos acompanharão para qualquer lugar que formos. Não teremos como fugir.
A Praia é um olhar para dentro de nós mesmos e vermos até que ponto nosso sonho paradisíaco não está infestado de demônios.
Pois não importa onde formos, o que fizermos achar ser certo, o que olharmos sem o direito, o que desejarmos sem ser nosso, pois...

“Carregamos nosso pecado de volta para casa e catamos os pedaços do que estava a nos esperar...
É claro, não é possível esquecer o que se fez.
Mas nos ajustamos. Continuamos.
Eu continuo acreditando em paraíso.
Mas pelo menos agora sei que não é um lugar que possa procurar ou ir.
Porque não é para onde você vai, mas é como se sente por um instante na vida enquanto é parte de alguma coisa. E se achar esse momento, o paraíso pode durar para sempre”.

Afinal, um encontro pode mudar TUDO!

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