Estes não são tempos bobos. Não é brincadeira de criança, a culpa da inocência, a calmaria depois da tempestade, o arrependimento depois da mentira, a desculpa depois do erro, o calor depois do frio.
Estes são tempos de profunda e ofegante respiração, são tempos de tomar café da manhã assistindo assassinatos na televisão, são momentos de julgamento, enganação, desonestidade e falta de esperança. São tempos de dúvidas, daqueles em que se sabe como agir e mesmo assim hesitar.
O colapso da ética em todos os sentidos, classes, níveis e ações.
Tempos da distorção da culpa, do bullying, do assédio moral, do excesso e do mau uso do poder. Da criação do poder paralelo, da corrupção generalizada. Vivemos no tempo que errado é quem não coloca o nome no seu produto na geladeira, e não quem pega o que não é seu. São tempos onde o rico, por ser rico, se encontra no direito de infringir leis, por menores que sejam. E tempos onde o pobre, por ser pobre, se encontra no direito de ser acima da lei, de corromper-se e de exigir favores.
Queridos, estes não são os tempos pelo qual nós trabalhamos, queríamos, nos apegamos e construímos passo a passo. São períodos de sufoco, de falta de educação, de frivolidade, de ignorância e de mesquinharia. Tempos de mediocridades...
Não conseguimos mais segurar o desenvolvimento intelectual, humano, mental, espiritual, moral em nossos braços. Tornou-se fluído e se escapa em frente da televisão e em conteúdos questionáveis.
São tempos de pequenos furtos, de desobediência, do salve-se quem puder, da pequena moeda que some do seu carro no estacionamento, da liberdade ao estar aprisionado entre paredes, grades, e sistemas de segurança.
O mundo do otário, da farsa, do sabonete que caí no banho coletivo no meio das tendas armadas de um grande circo. Da fila, da burocracia, do sistema de cotas.
Estamos condenados, como que dançando lentamente em um quarto em chamas, não se importando com os que se queimam ao nosso lado, apenas lamentando e voltando a atenção para o ritmo da música.
Não são os cenários que você sempre sonhou e aquele que você tentou desenhar quando criança.
Mas agora, crescidos, continuamos criativos e conseguimos esquecer todas essas tristezas. É fácil para nós nos entretermos! Tem tantas opções quanto notícias ruins...
Enquanto vivos, nós esqueceremos, renunciaremos, e só lembraremos dos momentos felizes. Todo mundo faz o mesmo.
E assim a vida inteira passa, e nunca vamos admitir que certas coisas são para sempre, e que algumas outras nunca mudarão, porque como já dizia George Orwell, em uma época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário.
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