10.6.12

Sofrer é Alimentar a Dor. Não se Julga, Não se Entende.

Sofremos por nós mesmos. Sofremos sem conclusão. Sofremos por antecipação. Sofremos por negação. Sofremos pelas nossas emoções precárias e por nos deixarmos atingir por outros, cheios dos mesmos problemas.
Sofremos por irrealidades, por suposições, por falsos sentimentos, por falsos amores, por falsas paixões.
Os problemas que criamos são chamas que nos consomem e a imaginação é responsável por lançar o combustível.
Fazemos dos problemas o retalho que falta ao sofrimento, e lamentamos sobretudo a indiferença da maioria. Uma maioria que acusa, conclui errado e que está cheia de preconceitos e certezas vagas.
Quem há de nos visitar nesse mundo distante em que nos escondemos? Quem há de ter piedade do nosso sofrimento solitário e ignorante? Quem terá a coragem de nos aceitar quando a regra é acusar, esquecer e seguir em frente na fila?
Ninguém aparace e quem aparece fala com você olhando pros lados, concordando sem escutar...
E assim a decepção nos trai mesmo antes que a pudéssemos trair.
Achamos que podemos viver sempre com toda a intensidade de um pensamento que só quer nos sufocar. Fazemos com os sentimentos presentes uma espécie de compromisso agradável, seguro, uma emoção inferior ao amor e superior à tolerância.
Não, não são sofrimentos vagos, são dores complexas, que precisam de espaço e tempo largos e longos para se fazerem acontecer e estabelecer.
Não são acordos que aparecem aos olhos dos outros, mas antes, são silenciosos, invisíveis e permanentes.
Uma dor de verdade é melhor de sentir do que uma dor imaginada, pois a imaginada te persegue por que não existe e talvez nunca existirá. A dor inventada é mais difícil de entender do que apenas uma dor real. É esse o fascínio pelo que foge da compreensão, pelo que não cabe em linhas de tempo, pelo que não se pode mensurar, pelo que não se pode rotular que faz com que a alimentemos dia a dia.
E na dor muitas vezes nos perdemos, porque foram causadas por escolhas que fizemos, porque são acontecimentos que devastam.
O que poderia ser nosso refúgio então? Para qual farol poderíamos nos voltar, para nos guiar da escuridão para a luz?
E se for a minoria que se importa? E se forem essas raras vidas que atravessam as nossas, que com maior ou menor importância estão sempre ali? A luz de algumas delas nunca se apaga. E a pergunta agora é: Você se importa com elas?
"E quem não fica depois de nos ver do avesso, não merece nenhum dos nossos outros lados." Histórias de sofrimento são longas e tem dores complexas. Não podem ser julgadas e entendidas. Não são romances. São novelas.

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