Sofremos por irrealidades, por suposições, por falsos sentimentos, por falsos amores, por falsas paixões.
Os problemas que criamos são chamas que nos consomem e a imaginação é responsável por lançar o combustível.
Fazemos dos problemas o retalho que falta ao sofrimento, e lamentamos sobretudo a indiferença da maioria. Uma maioria que acusa, conclui errado e que está cheia de preconceitos e certezas vagas.
Quem há de nos visitar nesse mundo distante em que nos escondemos? Quem há de ter piedade do nosso sofrimento solitário e ignorante? Quem terá a coragem de nos aceitar quando a regra é acusar, esquecer e seguir em frente na fila?
Ninguém aparace e quem aparece fala com você olhando pros lados, concordando sem escutar...
E assim a decepção nos trai mesmo antes que a pudéssemos trair.
Achamos que podemos viver sempre com toda a intensidade de um pensamento que só quer nos sufocar. Fazemos com os sentimentos presentes uma espécie de compromisso agradável, seguro, uma emoção inferior ao amor e superior à tolerância.
Não, não são sofrimentos vagos, são dores complexas, que precisam de espaço e tempo largos e longos para se fazerem acontecer e estabelecer.
Não são acordos que aparecem aos olhos dos outros, mas antes, são silenciosos, invisíveis e permanentes.
Uma dor de verdade é melhor de sentir do que uma dor imaginada, pois a imaginada te persegue por que não existe e talvez nunca existirá. A dor inventada é mais difícil de entender do que apenas uma dor real. É esse o fascínio pelo que foge da compreensão, pelo que não cabe em linhas de tempo, pelo que não se pode mensurar, pelo que não se pode rotular que faz com que a alimentemos dia a dia.
E na dor muitas vezes nos perdemos, porque foram causadas por escolhas que fizemos, porque são acontecimentos que devastam.
O que poderia ser nosso refúgio então? Para qual farol poderíamos nos voltar, para nos guiar da escuridão para a luz?
E se for a minoria que se importa? E se forem essas raras vidas que atravessam as nossas, que com maior ou menor importância estão sempre ali? A luz de algumas delas nunca se apaga. E a pergunta agora é: Você se importa com elas?
"E quem não fica depois de nos ver do avesso, não merece nenhum dos nossos outros lados." Histórias de sofrimento são longas e tem dores complexas. Não podem ser julgadas e entendidas. Não são romances. São novelas.
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