28.4.12

Renegar a Certeza é se Afogar no Medo

Naufrágio na certeza. Pois a dor é real e a esperança virtual.
No caminho do refúgio e da busca para a paz da alma, renegar a certeza é se afogar no medo.
A grande questão da vida não é encontrar a ilha desconhecida do engano, mais sim conseguir descobrir quem realmente se é quando nela estiver. Por que por vezes o desconhecido é aquilo que evitamos viver novamente, aquilo que não aceitamos, aquilo que sabemos que vai doer, aquilo que nos persegue.
Nadamos a braçadas em busca de uma palavra de consolo... Aquela que faz cócegas no ouvido, afasta o sofrimento e traz o alívio que é ter uma segunda chance, uma oportunidade de fazer diferente. Mas não temos. A realidade é outra!
A realidade é ter de passar novamente pelo sofrimento que se evita. É ter de encarar seu pior inimigo sendo ressuscitado dos mortos. E diante disso nos perdemos...
Se já é difícil demais explicar sentimentos a respeito de coisas novas, imagine então explicar o que se passa quando traumas voltam à tona?
A vida não tem volta. É só ida. E muitas vezes é só indo mesmo para ver se nos achamos novamente. Uma tragédia, uma dificuldade, uma doença, uma má sorte, uma decepção, uma fatalidade sempre gera um novo eu. E não adianta nos procuramos no bar, em remédios, nos sonhos ou na enganação. Não estamos e nunca estaremos lá.
Nossas noites viram uma sequência de porquês, lágrimas, raiva, medo, sono, pesadelo e retorno para a realidade. Ninguém! Nenhum rastro do perfume de alguém para consolar.
Sua vida é só sua, e ninguém mais se preocupa com ela ou com o que se passa aí dentro. Quase ninguém, pois sempre vai haver uma (um) ou outro (a). E isso te ensina algumas coisas importantes...
Nenhuma voz pra dizer que não vai ser assim tão ruim de novo. Nenhum milagre ou força sobrenatural para fazer o sofrimento ir embora. A faca corta, o remédio não faz efeito, e dói.
Nenhum vestígio de alívio. O alívio só vem com o tempo, e ele te traz um novo eu.
Ninguém dizendo que te viu sofrer. Ninguém pra te contar que a culpa não é só sua e que a vida é mesmo infeliz em grande parte do tempo, que fatalidades e dificuldades acontecem até mesmo com você. Se enganar é frequentar um lugar que não existe sempre a espera daquilo que nunca chega. Desista e enfrente. Não enfrentar é pior, não te deixa evoluir. Mas é difícil... Todos os dias.
Uma cortina desenhada com seu pior pesadelo. Um coração assustado e apreensivo. Um espetáculo que ninguém aplaude.
A penitência, o encontro com a dor e a solidão. A vida é simples, frágil, um nada.
Sete da manhã. Café e esperança. Muito sono, um pensamento fixo que incomoda o tempo todo. Um bom dia cismado e muito mau humor. Um corredor cujo sofrimento é longo. Fingimentos.
Não basta ter de enfrentar, é necessário engolir goela abaixo que não há nada que se possa fazer. Um naufrágio, perdido, encurralado pela impossibilidade.

Um comentário:

  1. maria cardoso1:04 PM

    Que pena me identificar mais uma vez com um texto seu, tão triste rs
    Gostei muito.

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