No caminho do refúgio e da busca para a paz da alma, renegar a certeza é se afogar no medo.
A grande questão da vida não é encontrar a ilha desconhecida do engano, mais sim conseguir descobrir quem realmente se é quando nela estiver.
Por que por vezes o desconhecido é aquilo que evitamos viver novamente, aquilo que não aceitamos, aquilo que sabemos que vai doer, aquilo que nos persegue.
Nadamos a braçadas em busca de uma palavra de consolo... Aquela que faz cócegas no ouvido, afasta o sofrimento e traz o alívio que é ter uma segunda chance, uma oportunidade de fazer diferente.
Mas não temos. A realidade é outra!
A realidade é ter de passar novamente pelo sofrimento que se evita. É ter de encarar seu pior inimigo sendo ressuscitado dos mortos.
E diante disso nos perdemos...
Se já é difícil demais explicar sentimentos a respeito de coisas novas, imagine então explicar o que se passa quando traumas voltam à tona?
A vida não tem volta. É só ida. E muitas vezes é só indo mesmo para ver se nos achamos novamente.
Uma tragédia, uma dificuldade, uma doença, uma má sorte, uma decepção, uma fatalidade sempre gera um novo eu. E não adianta nos procuramos no bar, em remédios, nos sonhos ou na enganação. Não estamos e nunca estaremos lá.
Nossas noites viram uma sequência de porquês, lágrimas, raiva, medo, sono, pesadelo e retorno para a realidade.
Ninguém! Nenhum rastro do perfume de alguém para consolar.
Sua vida é só sua, e ninguém mais se preocupa com ela ou com o que se passa aí dentro. Quase ninguém, pois sempre vai haver uma (um) ou outro (a). E isso te ensina algumas coisas importantes...
Nenhuma voz pra dizer que não vai ser assim tão ruim de novo. Nenhum milagre ou força sobrenatural para fazer o sofrimento ir embora. A faca corta, o remédio não faz efeito, e dói.
Nenhum vestígio de alívio. O alívio só vem com o tempo, e ele te traz um novo eu.
Ninguém dizendo que te viu sofrer. Ninguém pra te contar que a culpa não é só sua e que a vida é mesmo infeliz em grande parte do tempo, que fatalidades e dificuldades acontecem até mesmo com você.
Se enganar é frequentar um lugar que não existe sempre a espera daquilo que nunca chega.
Desista e enfrente. Não enfrentar é pior, não te deixa evoluir. Mas é difícil... Todos os dias.
Uma cortina desenhada com seu pior pesadelo. Um coração assustado e apreensivo. Um espetáculo que ninguém aplaude.
A penitência, o encontro com a dor e a solidão. A vida é simples, frágil, um nada.
Sete da manhã. Café e esperança. Muito sono, um pensamento fixo que incomoda o tempo todo.
Um bom dia cismado e muito mau humor. Um corredor cujo sofrimento é longo.
Fingimentos.
Não basta ter de enfrentar, é necessário engolir goela abaixo que não há nada que se possa fazer.
Um naufrágio, perdido, encurralado pela impossibilidade.
Que pena me identificar mais uma vez com um texto seu, tão triste rs
ResponderExcluirGostei muito.