Que isso! Obrigado nós. Nos desiludimos.
Porque já não fazemos parte, porque não tivemos um lugar importante. Nos desiludimos.
Porque a espera não compensa mais, porque a esperança era muito leve e voou...
Desiludimos porque não demos tempo necessário ao tempo, porque não tem mais espaço. Não tem mais sentido, não tem mais sentimento. Não sentimos.
E assim nos decepcionamos. Pelas palavras ouvidas, as atitudes e pela indiferença sentida. Desiludimos na vontade de seguir em frente, pela vontade de esquecer. Pelo amor que se teve, pelo amor que se tem, pelo o amor que não se sentiu.
Dormimos abraçados com a desilusão nas noites que não passavam e nos dias que demoravam anoitecer. Pelas vontades e pelos riscos.
Palavras construiram a mágoa, destruíram o que poderia ter sido. Surpresas decepcionantes de um coração falso. Nos decepcionamos por que não valeu. Porque foi de mentirinha. Por que era brincadeira de adolescente. Era imaturo e não desenvolveu.
Nos desiludimos para escapar daquilo que nos prendia, amarrava e congelava. Para nos libertarmos.
Se desiluda então. Amor não é aperto de mãos, beijinhos e promessas. Não é provar e não gostar. Não é deixar de lado para esfriar e levar embora depois. Desiluda-se!
Desiludimos daquela figura insegura, instável e supérflua. Que nos disse uma vez que tanto fez como tanto faz. Desiludimos do mediano, do morno, do incompleto e do conformado. Decepcionamos de uma vida rascunhada pela opinião alheia. De um jogo em que nosso coração foi apostado. Numa mesa com café fraco e cartas de indiferença. Fomos trocados, não valorizados, postos de lado, trocados por qualquer coisa e qualquer um. Desiludimos porque ninguém lê o que escrevemos, ninguém se importa com a carta feita, com o choro nas canções que ouvimos, pela falta de prazer e pela ameaça de buscar uma vida melhor em busca de um amor de verdade.
Arrependimentos pela falta de sobriedade e de razão nos desiludimos por algo que um dia foi forte. Sem trégua com o equilíbrio e com vontade de chorar.
Decepcionar é esquecer das mãos que não foram dadas. Desistimos, não vamos mais nos iludir. Não mais. Dane-se a felicidade. Aconteceu quando tinha de acontecer. Por que esperar pelo dia mais feliz da nossa vida? Quem nos garante que ele já não passou? Dane-se a perfeição. Nos desiludimos quando ela não bastou.
Desilusão com obrigações, convicções, crenças, idealismo, paixão, amor, maldade e rancor do escondido. Politicagem vazia. Chega de promessas que fazemos a nós mesmos e nunca somos fiéis. É a fidelidade que deve ser explicada.
Chega de perdão, desculpas e despedidas. Não tem mais onde caber tanta mesquinharia.
Chega de momentos perdidos, de enxergar o óbvio que não somos amados da forma como merecemos. Desiluda-se com flores, poesias, pôr do sol. Adeque-se ao que lhe dão em troca. Ofereça existência e coerência. Permita o gostar de si mesmo. Um dia acaba reciprocidade do tato.
Um dia alguém lhe diz um tchau sem importância. O pior tchau nunca é aquele que foi ouvido hoje, mas o que já por algum tempo foi sentido.
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