Decepção é esperança a menos.
Mas até que isso ocorra você se diverte e se ocupa com a novidade.
Começa sentindo coisas que antes só lia em poesia e canções apaixonadas. Fala do primeiro encontro, telefona para dizer das emoções que sente, fala de amor pela rua, adquire o hábito de cantar ao cozinhar, percebe que começou a assobiar no chuveiro, desenha, rabisca e escreve.
Sempre quis um dia habitar fatos, mas não percebe que está armando acampamento em sonhos. Completamente entregue à novidade do desconhecido, anda sem rumo e pensa sempre na mesma porta. Torce para que o dia passe rápido, por que o que interessa sempre chega mais tarde, depois das dez. E você não se importa em perguntar por que do atraso.
Sente coisas demais e se ocupa com coisas de menos. O de menos não tem mais tanta importância. Insanidade. Sente que algo toma conta e consome seus pensamentos. Paralisada e impossibilitada de fazer mais nada. Domínio invisível!
Passa a chorar mesmo ouvindo música brega. Encontra alegria até ao andar de ônibus e vive com todas as atenções voltadas ao celular. Reclama o tempo todo da saudade.
Veste a fantasia do seu lado melhor e coloca o óculos da imaginação de um outro idealizado.
Faz voz carinhosa, daquela que diz que quer mas não pode. Mas podia. Adora o jogo duro e a emoção de dominar e estar dominada. Feliz. Tropeçando em risadas e tosses de nervosismo.
Corre risco de vida, pois não se toca que está atravessando a rua sem olhar para os dois lados.
Tudo sem medida. Medida é racional.
Amassa folhas de papel demais, escreve muitos e-mails, mas também desiste de mandar muitos deles. Acha tudo isso muito especial. Acha que isso só acontece com você. E que com você vai ser diferente. Parece até novela de tão lindo.
Aí, como num passo de mágica sua felicidade já estará nos braços de outro, torcendo para que o cheiro do outro fique nela. E assim começa a errar sem saber...
Insanidade sem informação. Insanidade sem razão. Insanidade que não tem perdão.
Você entrega a sua vida inteira a alguém que só queria você como um capítulo da dela.
Quem procura, aceita e leva a insanidade para casa, não pode depois reclamar da anarquia que ela vai fazer na sua vida. E não se engane, insanidades se atraem.
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