Ela era uma mulher que estava sendo perseguida pelas nostalgias.
Não estava mais sabendo como se livrar da saudade para continuar vivendo tranquilamente. Ela queria aprender a fazer isso.
Hoje ela acorda e ao olhar para lado, não reconhece mais quem se deita com ela todos os dias.
Olha no espelho e pergunta o que fez da sua vida. Sente falta do tempo em que se sentia totalmente livre. Onde era a única responsável por suas próprias escolhas.
Ela ainda não aprendeu e desconfia que nunca vá aprender.
Mas pelo menos já sabe uma coisa valiosa: que será impossível se livrar da memória.
Ela não pode se livrar daquilo que amou um dia. Isso tudo vai estar sempre com ela. Sempre vai desejar recuperar o lado bom da vida e tentar esquecer a memória do que um dia poderia ter sido seu.
Ela tinha muitas escolhas. Escolheu-o. Fez perversidades por conta dele. Deixou outros virarem apenas lembranças por causa dele. Magoou pessoas em troca de momentos com ele. Hoje está colhendo as tristezas, infelicidades e incertezas.
Não teve paciência. Deixou-se influenciar. Fez aliança com alguém que não lhe completava. Foi manipulada por um punhado de hormônios e misturou paixão com amor. Isso lhe causou certos prazeres...
Porém, o prazer anestesia temporariamente o sentimento de baixa auto-estima e a pessoa vai se anulando em pequenas doses de emoções. Vai deixando-se esvaziar ao invés de deixar o outro completar.
Agora ela volta suas atenções para sua mãe, liga para as amigas que não lhe dão mais atenção e cai nas dúvidas em relação aos benefícios da fidelidade.
Para ela o que basta, então, é ser nostálgica, e aprender a conviver com a saudade.
Saudade do tempo que era cortejada, apreciada, paparicada, elogiada, sexy, caçada, a mulher mais importante do mundo. Tem noites que ela sonha com o abraço que não tem mais.
Mas, para a sua sorte, a saudade pode se transformar, de uma coisa depressiva e triste, numa pequena faísca que pode a impulsionar para o novo, para se entregar a outro amor, a outra cidade, a outro tempo... Que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente do que é agora.
E isso é o que ela procura todo dia, mas não sabe: não desperdiçar a sua vida na solidão, encontrar alguém que lhe apóie, que a ajude a crescer, que a coloque em um pedestal, que a ajude a entregar-se um pouco ao mistério, desfrutar da festa do desconhecido e evitar um pouco a rotina.
Mas, cuidado! Lembre-se sempre de que a culpa nunca é da rotina mas sim de suas escolhas erradas.
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