A incerteza e o medo do desconhecido são personificados na figura de um monstro. Mas nem sempre somos culpados por nossa metamorfose.
Gastamos nossas energias mais íntimas, num esforço tremendo para manter as aparências, para manter a alegria, o time lutando. Mas nossas forças são escassas.
Tudo, eu disse tudo o que as pessoas falam, pregam, e dizem sobre como se levar a vida, é mentira.
Ninguém será capaz de te entender por completo, ninguém te dará o valor que acha que deveria ter, ninguém se preocupa exatamente com você e como você é. Elas não querem ver o monstro!
E assim, dia após dia, de repente você está lá. No centro de várias regras sociais por outros impostas, cumprindo deveres e obrigações inúteis, sozinho com seu monstro.
Não pode falar o que pensa. Muito menos fazer o que pensa... Experimente e experimente a inquisição.
O mundo te quer assim, usado, maltratado, sem valor, sempre em segundo plano. Você enxerga, tem olhos, sente, deseja e não pode. O-BE-DE-ÇA e fica tudo bem.
Você se torna prisioneiro da vida que escolhe e não consegue libertar os mais íntimos e profundos pensamentos e desejos. Seu monstro tem de ficar dormindo...
Teu mundo te faz ter uma vida moldada a tudo, a todos, ao que dizem ser certo.
Você está enganado. Seu monstro não dorme, ele apenas finge esperando a hora certa.
Talvez a solução seria não falar, não transparecer, não pensar, não sentir, não viver. Seria mais fácil. Os homens bons são sempre deixados de lado. Os maus fazem mais sucesso!
E seu monstro está lá. A consciência de que sua vida passa, que os segundos estão correndo e estão te deixando loucos no meio na noite.
Mas seguimos em frente na busca pelo que é difícil. Não podemos mudar, não podemos interagir, não podemos tocar e não somos tocados. O monstro te faz pecador.
Somos agredidos o tempo todo, enganados, tolerando em prol de algo que não sabemos o que é ao certo.
O nosso mundo idealizado vai por água abaixo todos os dias. As máscaras caem e os hormônios te torturam.
Uma bola de neve que se apresenta. Pequenas atitudes, uma atrás da outra, pequenas desculpas, pequenos gestos, problemas, observações vão se mostrando reveladores da verdade.
A verdade de que todos estamos enganados e que somos idiotas. A nossa vida é um grande filme onde todo mundo sabe que o protagonista vai morrer no final.
Sem escolhas, sem aparências, sem forças para segurar o castelo de cristal. Esforço em vão. Até quando conseguirá segurar o monstro?
Agonia, angústia, ansiedade, pesadelos. Sem motivos e forças para falar, eu me calo.
Apenas aguente. Mudar é pecar. Mantenha suas aparências. Coloque o monstro para domir.
Nos fortalecemos na fase de concordar com tudo, de pedir desculpa, de tentar passar por alto, de tentar não olhar para trás e não olhar para os lados.
Sozinhos! Não servimos mais nem para elogiar e nem para reconhecer. Também, mal somos vistos.
Ineficientes, caretas, reclamões, idosos, covardes, errados, imbecis, idiotas, essa é a cara do monstro.
Acordar por acordar, fazer por fazer, viver por viver, concordar para não se incomodar. Eis a receita do nosso real fracasso.
Somos todos fracassados. Não somos preparados para aguentar tanta hipocrisia, ciúme, selvageria, regras, calúnias, invejas, mentiras. Quantas mentiras... de todos os lados, formas, vidas e tamanhos.
Uma vida de mentiras que desperta o monstro, que o alimenta, que dá vida enquanto aos poucos você morre.
Os segredos continuam passando, sua raiva continua, o fracasso lhe vem a mente enquanto você deseja muito utilizar as próprias mãos.
Você, eu e nosso monstro. Negociando com demônios, tentando dormir esperando o dia em que não se machuque mais. E pelo que parece esse dia nunca virá.
O passado já foi feito e o futuro é a morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário