15.10.10

O Menino Observador do Planeta Medíocre

Ele se levanta, olha pela janela e simplesmente não acredita. Hoje ele está em um mundo diferente, feito por pessoas diferentes com defeitos diferentes.
Mas não foi sempre assim. O nosso Menino Observador teve de fazer escolhas e deixar coisas para trás, pois o mundo de onde ele veio não combinava com ele.
Que a falsidade era algo comum, isso não era novidade. As pessoas de seu antigo mundo eram falsas uma com as outras e se apegavam na mediocridade.
Ninguém tinha ambição na vida. Muito pelo contrário, as pessoas torciam pelo seu insucesso para que pudessem ficar na sua própria zona medíocre de conforto.
Questionar, levantar argumentos e criticar os poucos que tentavam crescer pessoalmente e profissionalmente era diversão garantida daquela população estúpida. Eram pessoas aprisionadas mentalmente e intelectualmente. Era proibido ter cérebro e ainda mais proibido ter cérebro desenvolvido.
Também se apegavam a profissões que não garantiam futuro e viviam apenas por viver, como se o futuro não fosse chegar nunca. Tinham cachorros e gatos e viviam como eles. Procuravam abanar o rabo para as pessoas certas, achavam lugar onde se sustentar...
Os líderes desse mundo eram pessoas igualmente mesquinhas, que se preocupavam com a bajulação e com a comida para passarinho, necessariamente nessa ordem.
O desejo deles era ter todos sob controle, sob o controle do médio, da média, de novo, no controle da mediocridade. Não preparavam as pessoas, não viam o que tinham de bom, não sabiam o que era elogio sincero e procuravam anular os talentos e habilidades de quem os tinha. Suas ações eram buscando apenas o bem pessoal e a preocupação com sua própria imagem, sua figura, sua demonstração de poder. Que poder? Pessoas desarrazoadas, justas demais, intrometidas demais, falsas demais, falantes demais, tendenciosas demais, aproveitadoras demais.
E a questão dos relacionamentos então? Medíocres se merecem! Se enganam, se acasalam e se multiplicam. Pobres coitados. Deixam-se levar por emoções e por hormônios. São crianças e tomam decisões erradas, todos os dias! Sempre é a decisão ERRADA!
Acreditam que são todo-poderosos, que podem tudo, que escolheram certo e que nada de ruim pode acontecer com seus planos e com seu amor, até que chega a rotina. Até que chega a gravidez, até que chegam as contas e até que se conhece a verdadeira cara de sua decisão. Aí se apegam a qualquer coisa que lhe dê esperança...mas é TARDE!
São pessoas que não se apaixonam por pessoas, mas pela situação, pela história, pela vista dos outros, pela proibição imposta pelos líderes da comunidade. No final, relacionamentos de fachada, como se a barriga de chope nunca incomodasse ou se o cabelo mal tingido fosse bonito. Todos acima do peso! Obesidade é doença e pronto!
O castigo é permanente. Tente crescer naquele mundo antigo e sinta! Pessoas te olhando, falando de você, querendo ver o seu fracasso, duvidando das suas intenções, fazendo-lhe recomendações malignas, no fim você percebe o isolamento. Uma vez que você decide não ser medíocre, as pessoas desse mundo te isolam. Você vira estranho, vira desafio, vira problema!
Pessoas que não fazem nada para mudar sua situação de vida. Querem as coisas da forma mais fácil, não querem esforço, não querem trabalho. Vivem um dia após o outro se comparando, se desfiando, fofocando, se achando o centro das atenções dos míopes, reclamando. Mas dizem que se apegam a alguma esperança e que são humildes...
Acham a alegria em coisas falsas. Amigos falsos, vida falsa. Se enganam a semana toda e se conversam no intuíto de colaborar com a enganação mútua. Porcos, imundos, mentirosos, puxa-sacos, desonestos. Embalagem medíocre por fora, sem conteúdo por dentro, sujos.
Ficam velhos e ficam na dependência, no arrependimento, na ilusão de que tiveram uma vida, no fracasso de um relacionamento que nunca existiu. Afinal, uma vez que acaba a história, a emoção, o propósito, o relacionamento vira rotina de maus tratos, de egoísmo na cama, de falsidade e nenhum dos medíocres olhará mais para você. A sua idade passa, assim como seu “sucesso”. Mas a pressão contra seu desenvolvimento continuará.
O Menino Observador não olha para trás, mas sente pena. São pessoas medíocres que não pensam, apesar de acharem que fazem isso.
Enjoy your theatre!

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