O Feitiço de Áquila

Lembram-se de um clássico da Sessão da Tarde chamado O Feitiço de Áquila?

Qualquer semelhança não é mera coincidência!
A ficção:
O Feitiço de Áquila é uma boa história de cavaleiros, herói e vilão. Todos os elementos estão lá: o herói impecável, a mocinha mais linda de todas, o vilão e os amigos fiéis e engraçados.
Como toda história de herói, há o conflito: homens demais para uma só mocinha. E ela, Isabeau D’Anjou (a Michelle Pfeiffer) escolhe logo o seu alvo: Etienne Navarre, o capitão da guarda da cidade de Áquila. E o que faz o bispo (vilão) quando percebe que seu amor por Isabeau não é correspondido? Birra: “se eu não posso tê-la, ninguém pode!”. E lança uma maldição por cima dos pombinhos: durante o dia, Isabeau se transforma em um falcão e durante a noite, Navarre vira lobo. E quando são animais, eles não se lembram de nada de sua vida humana.
Por alguns segundos, no pôr do sol ou do amanhecer, eles quase se encontram – e é assim que acontece a cena-síntese do filme. Lembra, lembra? Com alguns efeitos tosquinhos de sobreposição de imagens e uma luz amarelada, ele se transforma em homem de novo, e quase consegue tocar nas mãos dela. Mas os olhões azuis da Michelle Pfeiffer logo virão olhos de pássaro, e ela sai voando – literalmente. “Sempre juntos, para sempre separados” – a frase, dita pelo amigo dos dois, Phillipe de Gaston, faz brotar nas mocinhas mais sensíveis uma pontinha de lágrima no canto dos olhos.
A história começa a tomar rumo quando o quase-casal encontra um aliado: Phillipe, o rato. Após escapar das masmorras de Áquila (um feito nunca antes conseguido!), ele se mete em encrenca e tem sua vida salva por Navarre. Em troca, passa a acompanhá-lo para cuidar de Isabeau. Outro personagem cômico e muito útil para a história é o Imperius, um frei gordinho, descabelado e sempre bêbado. Ele descobre, em sonho, como desfazer a maldição: durante um eclipse.
E para variar o final foi feliz! A maldição foi desfeita, todos os vilões foram mortos e dessa vez o nosso casal protagonista ficaram sempre juntos e nunca mais separados, felizes para sempre!
A vida real:
O Feitiço de Áquila tem atingido milhares de casais nos dias de hoje. O problema continua o mesmo: sempre juntos, mas quase sempre separados"!O nosso maldito sistema se assemelha a esse feitiço. Ao ter que trabalhar, estudar, viajar e etc, muitos casais acabam se encontrando (se é que se encontram) alguns poucos minutos do dia. E esse feitiço torna-se tão forte que é como se o casal se transformasse em animais diferentes, com objetivos diferentes, com planos diferentes e acabam por fim com vontades diferentes esquecendo-se um do outro. A falta de comunicação e de contato dão brecha aos vilões da realidade: lembra-se, homens demais para uma só mocinha e vice-versa. Com essa p*taria generalizada, todos querem todos e todos querem ver a infelicidade de todos. No primeiro minuto de bobeira nossos animais que não se vêem mais podem querer mudar de dono. Mudam para o mais próximo, e não raro é o vilão que está na aula, no trabalho e na viagem que acaba se dando bem.Mas a vida é isso mesmo! Um mar de incertezas e de desconfianças quanto ao futuro.O que fazer então? Tentar quebrar esse maldito feitiço e lutar contra o sistema pode ser uma saída. Aproveitar com qualidade e ao máximo os poucos minutos que sobram entre você e seu amor. Encontrar alguém para amar de verdade é muito difícil e por esse motivo não podemos deixar que nada atrapalhe.Seja criativo, seja confidente, tenha amigos (um rato, como no filme) para lhe ajudar a cuidar de quem você ama.
Esperem, está na minha hora de virar lobo.