13.11.17

Suspiro

deito
levanto
deito
levanto
deito levanto
e
pra acabar o dia
falta tanto

fome
e como
fome
e como
e
pra preencher
aja estômago

respiro
inspiro
respiro
inspiro
e
para continuar vivendo

suspiro.

24.1.17

A Matéria Escura que Preenche a Realidade

A escuridão toma conta. São reflexos e reações de densos e pesados pensamentos. Alimentando sentimentos.
De repente ela está lá! Matéria escura, moldada em coisas ditas, sentidas, feitas e não feitas para você. 
De pouco em pouco ela envolve, perturba. E por mais que você procure seguir adiante, engolindo tudo goela abaixo, é pior, pois aí ela te preenche.
Trevas. Dia a dia, resultando em trevas. Uma análise fria dos fatos, dos anos, das escolhas, do caminho.
Nossa vida se torna uma grande penumbra. Existimos, mas não existimos. Somos, mas ninguém vê. Fazemos, mas estamos camuflados.
Escuro. Tudo aquilo que usávamos para iluminar já não é suficiente, não basta, não resolve, não serve mais. Fazemos perguntas, e uma a uma elas se apagam.
Nos movendo sem enxergar, de mãos dadas com a “ingratidão” e abraçado com o “não faz mais que a obrigação”, a gente tropeça e não sai do lugar.
Matéria escura, que faz calar, nos faz silenciar grupos, nos faz tirar o som das notificações, nos faz não querer mais responder, nos faz não querer mais estar a disposição de quem pinta nossos dias, nossa vida, nosso sonho, nossa essência de preto.
Preenchidos de escuridão, sufocados, está difícil demais respirar. Apagaram nossa luz. E a gente é uma mistura de "desistência" com "seguir adiante", esperando alguém ou algo disposto a nos ver, a se importar, disposto a atravessar as sombras para nos encontrar.

10.11.16

Viva os Abalos que não Tornam a Vida Linear

'
E a gente não para de sentir, nunca paramos, é impossível depois de certo tempo. É automático, é o efeito da droga mais potente e destrutiva que já existiu, morremos mil vezes, reduzidos a nada sempre, e acabamos gostando cada vez mais disso. 
Totalmente abstinentes de melancolia, estar contente parece uma tarefa árdua e quase impossível. Pois, depois de tudo posto, o que sobra é o sentimento de que apesar de inseridos em um contexto, nunca quisemos nada com tudo isso, e acabamos nos tornando autores daquilo que não é, não foi e nunca será nosso.
E no meio dessa confusão sem nome e nem endereço, vez ou outra, o chacoalhão aparece. Seja em forma de decepção, seja uma visão, seja uma palavra dita, seja uma palavra não dita, ou na forma de um mundo todo que passa a se apresentar para nós em tons pasteis. 
A melhor recompensa que temos dessa coisa que aparece para chacoalhar nossa vida, é ela ter aparecido. Principalmente aquele momento que mostra o que não é, desmistifica uma situação, quebra uma verdade, sacode uma estrutura, desfaz uma ilusão nos permitindo pequenos vôos...
Não é por amor, não é por paixão, é por questão. É por necessidade de continuar navegando pra qualquer direção que nos traga um propósito. É algo que ultrapassa a própria razão. 
Restabelecidos pós movimentos, voltamos para terra firme e nos permitimos outra vez, e outra vez, outra vez. Enquanto isso a levianidade e a aparência aliviam o sufoco, é o que alimenta nossa máquina de centrifugar a rotina. 
Estar sempre à espera requer mais paciência do que alma. Alma é apenas marionete do sentido. A brevidade da alma passa a não fazer diferença quando passamos a encarar a realidade que não tínhamos. Pois passando por isso, outros se tornam apenas outros, coisas apenas coisas e situações apenas diversões.
Transformados, atingimos um estado que jamais voltará a ser normal. Acontece sempre, pois as movimentações da vida nunca são lineares.